Arnaldo despertou ao lado daquela beldade. Seu nome? Márcia. Uma bancária de seus 28 anos, vizinha de prédio do amante, ali na quadra 216, Asa Norte. Há tempos os dois se conheceram numa reunião de condomínio, mas começaram a sair juntos apenas no último mês.
Márcia, apesar do trabalho intenso, conseguia conciliar bem seu dia, pois estava adaptada à rotina. É verdade que a paixão por aquele homem consumia boa parte de seus pensamentos, mas nada que pudesse comprometer seu excelente desempenho como gerente do Banco do Brasil.
Por outro lado, Arnaldo mal encontrava tempo para desfrutar aquele sentimento que o havia pego de surpresa. Não que ele já não tivesse passado por algo parecido, mas isso havia acontecido quando ele era um vendedor de carros numa concessionária. Desde então, o homem passara a ganhar a vida de outra forma: satisfazendo suas clientes, que, quase sempre, não sabiam que estavam diante de um profissional da arte de ludibriar.
Há quase duas décadas no ramo, Arnaldo tivera dezenas de namoros, noivados e, pasmem, seis casamentos em cidades distintas espalhadas pelo país, até se fixar na capital, onde, segundo suas próprias palavras, era justamente ali que se encontrava o poder e, consequentemente, os lucros poderiam ser bem maiores. Bigamia, aliás, era o menor dos seus crimes.
Ele teria mentido para Márcia desde o primeiro encontro. Disse que era empresário do ramo de importação. Fluente em inglês, não despertou desconfiança na mulher, mesmo porque ela não teria motivos para duvidar. Por que ele iria mentir? Seja como for, Arnaldo e Márcia passaram a se amar sempre que possível. Todavia, durante dois ou três dias, ele precisava se ausentar, sempre a pretexto de viagens a negócios.
Tais compromissos, aliás, envolviam a mais nova cliente de Arnaldo: Sarah. Pois é, parece que a mulher mal teve tempo de se sentir enlutada pela perda do finado Afrânio. Totalmente fisgada, ela se entregou à luxúria nos braços daquele homem. Apaixonada como uma garota de lá seus 15, encheu o namorado de mimos. Temos que ser sinceros, pois Arnaldo cumpriu muito bem seu papel, retribuindo cada ganho com o suor de seu corpo sobre o da viúva.
*O capítulo IV será publicado na sexta, 19.