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Estelionato Amoroso (VI)*

Márcia, traída, rompe e vira um corpo sem vida

Publicado

Autor/Imagem:
Eduardo Martínez - Foto Reprodução das Redes Sociais

Arnaldo chegou tarde ao seu apartamento. Exausto por mais uma noitada satisfazendo a insaciável Elaine. Ele até pensou em inventar uma desculpa para se desvencilhar daquela mulher, ainda mais porque ela requeria cada vez mais atenção. Todavia, ele não poderia tomar uma atitude dessas, pelo menos até encontrar outra cliente tão generosa.

Sentou-se na poltrona da sala, enquanto olhava sorridente para o medalhão de ouro cravejado com diamantes formando as letras A e E, entrelaçadas. Realmente era uma grande prova de que Elaine ainda poderia render bons frutos. Levantou-se, foi até o quarto, se postou diante do cofre escondido atrás de um quadro comprado na feira da Torre de Televisão. Digitou o código e, como se acostumado a fazer aquilo diversas vezes, jogou a joia no fundo do cofre e o trancou.

Na cozinha, abriu a geladeira, pegou a garrafa de vinho tinto quase vazia, resultado de um jantar há poucos dias com Márcia. Pegou uma taça, despejou o líquido, deu um leve giro com a mão. Sentiu o aroma do vinho e, apaixonado que estava, brindou à amada. Pensou em ligar para ela, mas precisava descansar.

Foi até a sala, onde se sentou na poltrona. O corpo cansado, a mente em polvorosa. Realmente estava apaixonado por Márcia. Sorveu o líquido e, em seguida, depositou a taça sobre a mesinha de centro. Sem perceber, adormeceu por uma hora ou duas.

O homem foi despertado pelo latido de um cachorro num prédio próximo. Por um instante, pensou em continuar dormindo. Desorientado, acabou se levantando e se dirigiu ao quarto. Retirou os sapatos e se esparramou na imensa cama, mas não conseguiu voltar a dormir. Seu pensamento se mantinha na amada.

Arnaldo olhou para o pulso e viu as horas no seu Rolex: quase seis da manhã. Ele sabia que a namorada se levantava cedo, pois gostava de ir à academia nas primeiras horas. Tomou coragem, calçou os sapatos e foi ao banheiro.

Olhou no espelho o rosto amassado por mais uma noite mal dormida. Lavou o rosto, escovou os dentes, penteou os cabelos. Tomado de desejo, foi até o apartamento de Márcia.

Diante da porta, tocou a campainha. Não demorou, a gerente do Banco do Brasil abriu a porta. Seu olhar era de desprezo, algo que Arnaldo há muito não via no rosto de uma mulher.

– O que foi? Aconteceu alguma coisa?

– Como você pode ser tão cretino?

Arnaldo, por mais culpa que carregasse sobre os ombros, não poderia imaginar o que teria acontecido. Márcia lhe contou que havia visto uma fotografia dele com Elaine. O homem tentou explicar, mas nada parecia convencê-la.

– Some daqui! Nunca mais apareça!

Pego de surpresa, ele ainda tentou convencer a mulher com uma história, mas não teve tempo suficiente para criar uma desculpa convincente. Márcia estava decidida. Desesperado, Arnaldo segurou firme o braço da amada.

– Me solta!

Tomado de angústia, Arnaldo insistiu. Márcia, para se ver livre daquele homem, lhe desferiu um tapa no rosto. Enfurecido, ele segurou forte o pescoço da mulher, que se viu sem ar. Márcia, olhos arregalados, aos poucos foi perdendo os sentidos. Após quase três minutos, seu corpo, já sem vida, caiu na entrada da sala.

Arnaldo, desesperado com o que havia acabado de fazer, ainda tentou reanimar a amada. Todavia, já era tarde. Márcia estava morta. Assassinada pelas mesmas mãos que a acariciaram por alguns meses.

Ele fechou a porta. Levou o corpo da amada para o sofá. Arnaldo chorou por um instante, até que percebeu que precisava encontrar uma saída para aquela situação. Pensou, pensou, pensou, até que teve uma ideia, que, a princípio, lhe pareceu a mais óbvia. Decidiu colocar fogo no apartamento.

Foi até a despensa, onde encontrou uma garrafa de álcool. Jogou sobre o sofá, depois pelas cortinas, na mesa da sala. Foi até o quarto, onde olhou a cama. Lembrou-se das vezes em que ele e Márcia haviam se amado ali. Não teve dúvida. Jogou o resto do líquido sobre a cama. Riscou um fósforo e, não demorou, as labaredas lhe esquentaram a face.

Voltou para a sala. Incendiou tudo ao redor. Olhou pela última vez o rosto sem vida de Márcia. Saiu do apartamento. pegou as escadas, logo estava no seu apartamento. Foi até o quarto, onde quase desmaiou na cama.

Arnaldo nem percebeu o grito desesperado dos moradores: “Fogo! Fogo!” Também não ouviu a sirene do carro de bombeiros. Quando finalmente despertou, era como se tivesse tido um pesadelo. No entanto, não demorou, lembrou-se do ocorrido. Ele havia assassinado Márcia.

*O capítulo VII será publicado na segunda-feira, 22

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