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Marcílio Figueiró lança primeiro álbum autoral

Com três décadas de carreira, pode-se afirmar que o violonista e compositor carioca Marcílio Figueiró construiu uma carreira artísticamuito singular na cena da música instrumental contemporânea brasileira. Fato ligado não somente ao seu virtuosismo, mas, também, aos elementos musicais que ele sempre foi capaz de inserir em suas composições. Filho da pianista Laís Figueiró, especialista em música de câmara e renascentista – tocava com Guerra Peixe, Rildo Hora, Millôr Fernandes, Turíbio Santos, José Botelho, Noel Devos, José Staneck, dentre tantos outros – Marcílio nasceu e conviveu com o que havia de melhor namúsica brasileira. Seu talento desenvolveu-se naturalmente, mas, aos 16 anos, foi descoberto por Toninho Horta, durante um curso de férias no Rio de Janeiro, e que imediatamente se encantou com sua habilidade de executar, tão jovem, músicas de alta complexidade.

Daí em diante, de estudante, Marcílio se tornou um profissional da música com o privilégio de ter como condutor um dos maiores compositores e guitarristas do mundo, sendo convidado para inúmeros projetos e participações com artistas de grande reconhecimento no universo da música. Entretanto, o projeto de um álbum próprio, com suas próprias composições, sempre o instigou e que só agora, após uma longa jornada de aperfeiçoamento e dedicação, sai do papel. Com produção executiva de Diego Rebello, coordenação de Fábio Neves, produção cultural de Martha Myrrha e fotos do renomado Aloízio Jordão – que assina inclusive a capa o álbum – “Marcílio Figueiró”, totalmente autoral com nove faixas, foi gravado no Estúdio Umuarama entre abril e maio deste ano, e disponível nas plataformas digitais a partir do dia 29 de junho. Ora no violão, ora na guitarra semi-acústica, Marcílio está acompanhado do baixista Berval Moraes e do baterista André Boxexa, escolhas cirúrgicas dada a maturidade artística e musical que possuem para a gravação de um álbum tão delicado e sofisticado. A estreia fonográfica ganhou ainda as luxuosas participações do próprio Toninho Horta, seu grande mentor, e também de Rildo Hora, com quem Marcílio conviveu desde os 10 anos, nos encontros musicais que aconteciam na casa onde cresceu. No Rio, o álbum será lançado no dia 29 de junho, quinta-feira, às 19h, no Centro da Música Carioca Artur da Távola (Tijuca) e no domingo logo em seguida, dia 2 de julho, no Little Club – Beco das Garrafas (Copacabana), em duas seções: às 19h e 21h.

O álbum “Marcílio Figueiró”
A valsa-serenata “Uma história de Amor”, composta em 1997, abre o álbum com o registro bem intimista e delicado de Marcílio com seu violão com cordas de nylon, versando em forma trilha sonora um romance da época que se encerrou em seis meses, reatado um tempo depois, resultando em um casamento de oito anos. Em seguida, “Costa Verde”, já no formato de trio, é um cool bossa jazz composto em 2012 reverenciando a exuberância e beleza da região da Costa Verde (Mata Atlântica), com a lembrança de uma paixão da adolescência, reencontrada 30 anos depois e que tem que admirar à distância. O trio destila maestria com “Copacabana’s Mood”, um Jazz Waltz composto em 2010, uma viagem mental do artista pela madrugada de Copacabana a partir dos jeitos e costumes dos boêmios e transeuntes do bairro carioca. Em seguida, encontramos Marcílio empunhando sua guitarra semi-acústica em “Esperando Você”, uma bossa mais lenta e cadenciada, composta em 2004, trazendo como tema o amor, a saudade e a espera da pessoa amada.

O choro-canção “Pai & Filha” traz de volta o violão de nylon, agora apenas com o baixo acústico e a participação especial de Rildo Hora na harmônica. De 2006, a música retrata o diálogo entre o pai e sua filha, onde o violão é a voz do pai e, a harmônica a voz da filha. Em “Daquele Jeito”, Marcílio lança mão novamente da guitarra semi-acústica, conversando em duo com a participação especial de Toninho Horta ao violão, a quem a música é dedicada. No samba/bossa de 2021 em homenagem ao seu mestre, Marcílio explora sua total influência na forma de encadear os acordes e as resoluções melódicas. De 2015, “Valsa para Duas Mulheres”, o compositor resgata duas fortes lembranças: na primeira parte, em tom menor, retrata a saudade da mãe Laís Figueiró, as lembranças de ouvi-la tocar ao seu piano com a cortina de renda na janela e a enorme samambaia compondo a cena. Em segundo momento, a música caminha para o tom maior e a inspiração vem de um novo amor presente em sua vida e que também o trazia inúmeras lembranças maternas.

Parceiro de muitos projetos ao longo de sua carreira, com quem teve a experiência de excursionar pela Europa e América Central seja em duo e com Banda, o violinista austríaco Rudi Berger é homenageado com o smooth jazz “Mr.Berger”, composto em 2004. Encerrando o álbum, Toninho Horta retorna no baião “Brasil Afora”, no violão e na voz, composição de 2001 que brinca com as mudanças de andamento entre um baião jazz bem rápido e uma balada com influências da música mineira de Wagner Tiso, Nivaldo Ornelas, Yuri Popoff e, claro, do próprio Toninho Horta.

O artista
Epecializado em harmonia, música modal e arranjo, Marcílio fez da sua música algo intenso, profundo e de acesso universal. Trazendo como diferencial para a música brasileira uma roupagem jazzística onde a respiração, o silêncio e as respostas marcam ainda mais a singularidade do artista e sua obra. É relevante destacar que sua carreira foi consolidada através de parcerias belíssimas com artistas, tal como Simone Guimarães, revelada por Milton Nascimento, no disco Pietá. Com ela, gravou uma faixa do álbum “Casa do Oceano”, onde Milton Nascimento também canta.

Foi parceiro do musico austríaco Rudi Berger, violinista de jazz, eleito pela “Melody maker”, importante revista de jazz, como o quinto maior violinista de jazz dos anos de 1990, estando no topo do universo do jazz no mundo. Com Rudi Berger e banda, Marcilio tocou em países como Suíça e Áustria. Formou com Rudi um Duo que os leva para shows na América Central. Com Yuri Poppof, baixista e compositor presente em todos os discos de Toninho Horta e outros de Beto Guedes, Marcílio trabalhou por 15 anos tanto em projetos autorais quanto em produções, gravações para documentários franceses e peças de teatro importantes.Gravou com Yuri todo o disco “Lua no Céu Congadeiro” resultado de profunda pesquisa sobre os ritmos do catopé e marujada, típicos do folclore mineiro.

Com Toninho Horta, guitarrista, compositor da geração do clube da esquina, Marcilio fez shows na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, eventos da ONU, festivais de jazz. Tocou, também, em trio com Toninho e o Juarez Moreira substituindo o Chiquito Bragano 1º Festival de Jazz de Santa Bárbara, em Minas Gerais. Tocou por anos com o flautista PC Castilho e integrou o grupo Zangareio da cidade de Angra dos Reis. E dividiu palco com a Lucina do Duo Luli& Lucina no Rio em um projeto da prefeitura.

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