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Marido da prima

Marieta toma banho de asfalto e transpira na cama

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Autor/Imagem:
Eduardo Martínez - Foto Produção Irene Araújo

Marieta, nascida e criada na fazenda da família, acabou herdando todas aquelas terras muito antes de chegar a hora de se casar. E, como se viu órfã tão cedo, não tardou, decidiu manter a solteirice. Mas não porque não apreciasse homem. O motivo era justamente o contrário. A mulher os amava e não queria se privar dos tipos diversos que o mundo lhe oferecia.

A herdeira, que sabia se fazer discreta, preferia dar um pulo na capital de vez em quando. Como Marieta gostava de falar para as confidentes, nada como um bom banho de asfalto para elevar o astral de qualquer mulher, inclusive das compromissadas, sejam casadas ou ajuntadas. Ela bem sabia que mesmo os ares do campo, chega uma hora, também sufocam.

E foi numa dessas andanças pela cidade que Marieta conheceu o belo Dagoberto, um gajo dos seus 33 anos, cujas atitudes longe dos olhos da esposa poderiam crucificá-lo. Que fosse assim ou de outro modo, a verdade é que Marieta não dava a mínima para antecedentes matrimoniais dos seus casos.

Marieta e Dagoberto amaram-se mais do que de costume, até que, por um desses acasos da vida, se viram apaixonados. Mas não paixão efêmera, que não vai muito além de um final de semana ou de algumas tardes furtivas em hotel no centro. Não mesmo! A coisa virou caso sério, do tipo que faz os amantes não perceberem o abismo diante dos seus olhos. Falta de aviso não foi, já que a Juliana, amiga de longa data da fazendeira, falou com todas as letras.

— Marieta, sabe de quem o Dagoberto é marido?

— Não sei e nem me interessa.

— Pois devia, mulher!

— Então, diga logo, que tenho coisa mais urgente pra fazer.

— O seu namoradinho é casado com a Solange,

— Que Solange? E eu lá sei quem é Solange?

— Aquela sua prima, mulher! Tá esquecida?

— Você tá falando da filha do tio Getúlio?

— A própria!

Tal revelação não assustou Marieta. Pelo contrário, fez até a mulher ficar mais interessada no Dagoberto. É que a danada, além de rica até dizer chega, é afeita a uma balbúrdia familiar. Todavia, até onde se sabe, o romance desses dois ainda não chegou aos ouvidos da parentada. Ou, se caiu, o povo preferiu manter as aparências.

*Eduardo Martínez é autor do livro “57 Contos e Crônicas por um Autor muito Velho”.

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