Candidata à Presidência da República pela terceira vez, a ex-ministra Marina Silva (Rede) se reaproximou este ano de antigos aliados do movimento ambientalista que estiveram ao seu lado nas eleições de 2010, mas se distanciaram em 2014.
Segundo lideranças do setor, Marina voltou a colocar em primeiro plano bandeiras ambientais que foram coadjuvantes na campanha de quatro anos atrás, quando presidenciável teve de substituir Eduardo Campos (PSB), morto num acidente aéreo, na reta final da disputa.
“Em 2014 não houve uma aproximação ampla do movimento com Marina devido ao contexto conturbado da eleição. Esse ano, a identidade dela com o movimento está muito maior”, disse o ambientalista Mário Mantovani, diretor da ONG S.O.S. Mata Atlântica.
A aproximação ganhou impulso após o candidato do PDT, Ciro Gomes, escolher como vice em sua chapa a senadora Kátia Abreu (TO), que foi presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), enquanto o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin chamou para o cargo a senadora Ana Amélia (PP-RS), que é ligada ao agronegócio.
Mantovani afirmou que entre as bandeiras ambientais que ganharam destaque nas falas de Marina neste ano está o combate à chamada “Lei do Veneno” – como é conhecida entre ambientalistas o Projeto de Lei 6299/02, que trata de um pacote de mudanças na fiscalização e controle de agrotóxicos no Brasil.
O projeto, em tramitação na Câmara, garante autonomia ao Ministério da Agricultura para registrar novos agrotóxicos, tirando da Anvisa e do Ibama poder de veto sobre o tema.
A candidata da Rede também se comprometeu com as metas do Acordo de Paris estabelecido em 2015. O documento determina que os 195 países signatários se esforcem para conter o aquecimento global. A indicação do ex-deputado Eduardo Jorge (PV) como vice reforçou ainda mais os laços com os verdes e restabeleceu a aliança de Marina com seu antigo partido, com quem estava rompida desde 2011.
A coordenadora de campanha da Rede, Andrea Gouvea, afirmou que “a aproximação é sobretudo programática”. “Acolhemos várias propostas dos ambientalistas no programa de governo. Inclusive pautas bastante avançadas, como o desmatamento zero, que não era consenso nem entre nós, e a descarbonização da economia”, afirmou Andrea, numa referência à adoção de políticas para adoção de energia limpa e renovável.