Após anos de ostracismo, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação anuncia que o setor nuclear será prioridade do governo brasileiro. A reportagem conversou com o presidente da Associação Brasileira para o Desenvolvimento de Atividades Nucleares (ABDAN) para conhecer os projetos das áreas de saúde e defesa que receberão recursos.
O setor nuclear será área prioritária para a FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos) do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) durante o ano de 2023, anunciou a empresa durante o evento do setor nuclear NT2E, realizado no Rio de Janeiro.
De acordo com a entidade, o setor de energia nuclear contribui para áreas vitais, como tecnologia de saúde, transição ecológica e complexo industrial de tecnologia de defesa.
O presidente da Associação Brasileira para Desenvolvimento de Atividades Nucleares (ABDAN), Celso Cunha, comemorou o anúncio da FINEP.
“Nos últimos anos, a FINEP não deu prioridade ao financiamento do setor nuclear”, disse Cunha à Sputnik Brasil. “Mas a partir do anúncio, tanto as empresas como as Universidades poderão ter acesso a fomento para projetos de inovação tecnológica.”
A FINEP participou ativamente de programas do setor nuclear brasileiro, como o reprocessamento de combustível, o desenvolvimento de tecnologias de reatores rápidos e a instalação do Ciclotron.
Reator Multipropósito
A FINEP está diretamente envolvida no financiamento da produção do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB). Uma vez concluído, o RMB atenderá à demanda nacional por radiofármacos, essenciais para o diagnóstico e tratamento de doenças como o câncer.
O projeto prevê não só a construção do reator, que será instalado na cidade de Iperó (SP), mas também da infraestrutura de laboratórios capazes de processar e manusear radioisótopos.
“O RMB é prioridade número um, mas temos diversas iniciativas relevantes que também contarão com apoio da FINEP, como o projeto do LABGENE junto à Marinha brasileira“, declarou Cunha.
O Laboratório de Geração de Energia Nucleoelétrica (LABGENE) consistirá em um complexo com 11 prédios, destinado a simular as condições do reator que será instalado no submarino nuclear brasileiro em terra. O projeto é essencial para a conclusão do submarino nuclear brasileiro, atualmente prevista para 2029.