Maria Fernanda Rodrigues
No e-mail marketing que a Geração Editorial enviou a seus contatos no início desta semana, a mensagem “Ansioso para adquirir Minha Luta, de Adolf Hitler? Envie um e-mail para midias@geracaoeditorial.com.br e seja avisado quando o livro estiver em pré-venda” vinha ilustrada com uma foto do ditador e de uma meia suástica, a capa do livro e a informação de que se tratava de uma edição crítica e comentada. Como tudo o que diz respeito à essa obra que entrou em domínio público dia 1º, a polêmica foi instantânea.
O escritor Ricardo Lísias, um dos críticos ao lançamento de uma edição comercial da obra, compartilhou o anúncio, mas apagou o e-mail indicado. “Hoje a editora que diz que vai fazer uma edição consequente, cuidadosa e cheia de notas de rodapé, e que se defende colocando o direito de as pessoas optarem por ler ou não ler (!!) o que quiserem começou sua campanha de divulgação. Eu recebi no meu e-mail esse cartaz aqui, de que tirei o contato Notem o ato falho denunciador: não está escrito ‘ansioso para ler’, mas sim ‘ansioso para adquirir’… Ou seja, comprar o livro e dar lucro para quem está fazendo isso aí. Vejam aí se fazer esse tipo de propaganda é algo que seja defensável”, escreveu Lísias em seu perfil do Facebook no início da noite de terça-feira, 26. Outros escritores entraram no debate e chegaram a propor um boicote à editora.
Nesta quarta, 27, pela manhã, Luiz Fernando Emediato, publisher da Geração, comentou, também em seu perfil da rede social: “Em nome do livre debate e da liberdade de expressão, compartilho aqui artigo do escritor Ricardo Lísias, que tem o direito de ser contra nossa edição – crítica e duramente comentada – do livro de Hitler. No entanto, ele começou a fazer uma ridícula campanha contra a divulgação deste domingo no lançamento da Geração, e infelizmente agindo como o próprio Hitler – mentindo e distorcendo informações sobre a primorosa edição da Geração Editorial. Não se trata de edição propagandística. É uma edição ‘antídoto’ de um clássico como outro qualquer. Um livro do mal, é claro – mas uma obra histórica, produzida por um legítimo e deplorável representante de nossa espécie”.
As tais notas que explicam e contextualizam o livro de Hitler foram inseridas na edição americana, de 1939.
Ao jornal O Estado de S.Paulo, o editor Willian Novaes respondeu que “centenas de pessoas telefonam diariamente para a editora perguntando ansiosamente se e quando o livro vai sair”. E completou: “Enviamos um e-mail para nosso mailing e lá estava esse escritor, Ricardo Lísias, que leu Minha Luta, mas paradoxalmente defende que o livro não seja colocado à venda, nem mesmo edições críticas. Parece que ele se incomoda com ‘lucros’ das editoras. Consideramos esse debate encerrado e estamos apenas dando informações para a sociedade. Compre e leia quem quiser”.
O banner do e-mail marketing foi compartilhado na conta do Twitter da editora no final da tarde dessa terça, 26. Nesta quarta, a editora postou, no Facebook, uma nova versão. A frase ‘Ansioso para adquirir Minha Luta, de Adolf Hitler’ foi substituída por ‘Quer ler a melhor edição de Minha Luta, de Adolf Hitler”?
O lançamento está previsto para março.