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Marquinho, fé no Leão e agradecimentos ao Olimpo e a Iemanjá

Marquinho, o torcedor mais fervoroso do Sport Club do Recife, é a encarnação da paixão rubro-negra. Desde menino, nunca faltou à Ilha do Retiro. Na vitória ou na derrota, sob sol escaldante ou chuva torrencial, lá estava ele, com a camisa do Leão desbotada pelo tempo, mas carregada de histórias. E neste domingo, 24, ele viveu o ápice de uma vida de devoção: a volta do seu time à elite do futebol brasileiro.

Os rumores na arquibancada eram de ansiedade. O Sport enfrentava o Santos, e só a vitória garantiria o acesso. A Ilha estava lotada, o mosaico nas arquibancadas tremulava como um mar vermelho e preto. Marquinho, com gritos inflamados e a bandeira enrolada no corpo, fazia promessas a quem quisesse ouvir.

à noite, coroado de sucesso em sua rotina na praia de Itapuama, agradeceu. “Ô Iemanjá, senhora das águas, obrigado por levar nosso time pra cima!” – dizia ele, enquanto agitava uma fitinha azul em direção ao horizonte. “E vocês aí do Olimpo, Zeus, Apolo, obrigao por não me flaharem hoje…”

O jogo começou tenso e o Sport demorou a abrir o placar. Mas o caminho da vitória surgiu já no final do primeiro tempo, com um gol de pênalti que fez a torcida explodir em um rugido uníssono. Marquinho chorou. “É hoje! É hoje!”, gritava ele, entre soluços.

Mas o futebol, como a vida, é cheio de reviravoltas. No segundo tempo, o Santos mostrou que estava vivo em campo. Não queria permitir que um leão engolisse um peixe. A tensão tomou conta do estádio. Marquinho, com as mãos trêmulas, acendeu uma vela imaginária. “Pelo amor de Deus, não hoje! Qualquer um, menos o Sport!”

E então veio o momento mágico. A bola voltou a encontrar o fundo da rede. O Sport venceu por 2 a 1. A Ilha virou um vulcão em erupção. Marquinho ajoelhou-se na arquibancada, com os olhos voltados ao céu e os braços abertos.

“Valeu, Iemanjá! Valeu, Zeus! Vocês são demais!”, gritava ele, enquanto os fogos iluminavam o Recife. À noite, de volta à sua praia, repetiu a cena, onde ele lembrou o apito final que consagrou o acesso.

Marquinho, já rouco de tanto gritar, estava em êxtase, abraçando desconhecidos como velhos amigos. Nessa noite, Recife, Cabo de Santo Agostinho e Pernambuco como um todo, não dormiram. E Marquinho, em casa, depositou sua fitinha azul no altar improvisado, entre santos e amuletos, como prova de gratidão.

Até porque, confidenciou, para ele, o futebol não é apenas um jogo. É fé, amor, e agora, redenção. Porque para Marquinho, torcer pelo Sport é como viver uma batalha cheia de emoções, reviravoltas, e, no fim, a certeza de que nunca se deve desistir.

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