Desgastada com o PT e com o Palácio do Planalto, a ponto de pedir demissão do Ministério da Cultura e nem esperar a publicação da exoneração no Diário Oficial, a senadora Marta Suplicy parou de lustrar a estrela vermelha que costuma manter na blusa. Seu destino deve ser a Rede de Marina Silva, legenda pela qual pretende concorrer à prefeitura de São Paulo em 2016.
Para o público externo, a senadora tem dito que não há nada decidido – ainda. Mas sabe-se que o descontentamento dela com o PT é grande. Além disso, há duas pedras em seu caminho para chegar à prefeitura. O próprio prefeito petista Fernando Haddad, que tentará a reeleição, e a deputada Luiza Erundina (PSB), que vê 2016 como a última chance de voltar à prefeitura.
.Uma coisa é certa. Marta jamais iria para uma legenda de oposição ferrenha ao governo, a exemplo do PSDB, PSB e PPS. No caso da Rede, é diferente. Primeiro, porque ainda não existe como partido; segundo, se for essa a opção, a senadora ingressará numa legenda que técnica e oficialmente não fez oposição a Dilma na campanha da reeleição, por um simples motivo: ainda não existia, como não existe.
Em declarações prestadas nesta terça-feira 18 em Brasília, a ex-ministra da Cultura enfatizou que é cedo para decidir que rumos tomar. Lembrou que um senador pode deixar o seu partido sem perder o mandato e que, consequentemente, tem tempo para pensar.
Mas, para fazer um agrado, mesmo que camuflado, aos colegas petistas, a senadora anunciou sua disposição de avaliar as condições do partido, “como que o partido vai se repensar, como que vão ser as condições. Então, não é uma preocupação neste momento, de jeito nenhum”.
Contando com o espaço de tempo até as próximas eleições, Marta disse ainda ser “precipitado” decidir qualquer coisa agora. “Eu tenho tempo. Se eu quiser sair do partido para disputar uma prefeitura eventualmente, eu tenho um ano para fazê-lo. Se eu quiser sair mais para a frente para disputar um governo, eu tenho três anos para fazê-lo”, disse.