Salvatore D’ Onofrio
Karl Marx (1818-1883), considerado o apóstolo das doutrinas socialistas, é um dos gênios da humanidade por ter contribuído fortemente para o nosso progresso civilizacional.
Sua figura pode ser comparada à de Sócrates, que nos ensinou a pensar; Jesus Cristo, que nos ensinou a amar; Galileu, que contestou o que está escrito no Velho Testamento, demonstrando que a Terra não é imóvel; Einstein, que substituiu a física copernicana pela quântica, encontrando a amalgamação de todos os elementos do microcosmo e do macrocosmo por ondas eletromagnéticas, num continuo movimento circular, superando antigas crenças na existência de um mundo “sobre”natural; Darwin que, também ele desmentindo a Bíblia, contestou a fábula da criação de seres, humanos ou não, por alguma divindade, pois a ciência biológica demonstra a evolução das espécies, umas das outras; Freud, o pai da psicanálise, que nos ensina o prazer do sexo não ser um pecado, mas uma força instintiva poderosa para a formação da personalidade humana.
Quanto a Marx, sua contribuição se deu no plano sociológico, dignificando o trabalho braçal, até então considerado um dever a ser cumprido apenas por escravos ou seres humanos de classe inferior. Sua obra mais importante, “O Capital”, denuncia a exploração e a alienação dos que do campo chegavam à cidade para trabalharem nas fábricas, na época da Revolução Industrial.
A luta contra a concentração de renda e a exploração do trabalhador deu origem ao Manifesto Comunista de 1848. Mais tarde, em 1917, o sonho da instalação de um governo de regime comunista, a implantação de um Estado “operário e democrático” se realiza na Rússia por obra dos líderes revolucionários Lênin e Stalin, que derrubaram o czar Nicolau II. O início e o fim da antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) e de outros países, que adotaram o comunismo como formas de governo, são tragicamente bem conhecidos.
A pergunta que não quer calar é: em face do fracasso de todos os governos de inspiração comunista, Karl Marx estava errado? Não, a meu ver, visto que o comunismo não luta contra o capitalismo empresarial, mas dele se alimenta e de uma forma bem mais prejudicial para a população. O capital do Estado, formado pela arrecadação de impostos abusivos, é administrado por políticos incompetentes e desonestos que ascendem ao poder pela compra dos votos da camada mais carente e desinformada.
O conluio entre poder estatal e capital privado gera corrupção, que gera crise ética e política. O atual governo do Partido dos Trabalhadores comprova isso. Parece que o economista e político Roberto Campos, que morreu em 2001, um ano antes da primeira eleição de Lula, estava adivinhando ao definir assim o PT: “é um partido de trabalhadores que não trabalham, estudantes que não estudam e intelectuais que não pensam” (citação do leitor Roberto de Carvalho Junior, no artigo “Socialismo”, Diário de 22/4).