Carolina Paiva, Edição
O Museu de Arte de São Paulo (Masp) inaugura na próxima sexta-feira, 20, a mostra Histórias da Sexualidade, que faz parte do foco temático do Museu em 2017. A exposição fica no Masp até o dia 9 de fevereiro de 2018.
Entre os artistas que terão suas obras exibidas estão Francis Bacon (1561-1626), Edgar Degas (1834-1917), Édouard Manet (1832-1883), Pablo Picasso (1881-1973), Paul Gauguin (1848-1903), Suzanne Valadon (1865-1938), Robert Mapplethorpe (1946-1989). Brasileiros como Victor Meirelles (1832-1903) e Adriana Varejão (1964) também terão trabalhos na mostra. Entre outros.
A exposição chega num momento em que a discussão sobre sexualidade na arte está em alta, dentro e fora do Brasil. Por aqui, instituições culturais estão discutindo a criação de um manual para exposições.
Em torno da mostra Histórias da Sexualidade estão sendo apresentadas ao longo do ano exposições de artistas brasileiros e internacionais, cujos trabalhos, segundo o Masp, suscitam questionamentos sobre corporalidade, desejo, sensualidade, erotismo, feminismo, questões de gênero, entre outros. São eles: Teresinha Soares, Wanda Pimentel, Henri de Toulouse-Lautrec, Miguel Rio Branco, Guerrilla Girls, Pedro Correia de Araújo e Tunga.
Em artigo publicado nesta terça, 17, no jornal Folha de S.Paulo (“Mostra no Masp sobre sexualidade reforça que censura é inaceitável”), o diretor presidente do Masp, Heitor Martins, apresentou a exposição e fez ressalvas, lembrando que “o único dado absoluto, do qual não podemos abrir mão, é o respeito ao outro e o necessário diálogo”.
“É preciso criar condições para que todos nós -cada um com suas crenças, práticas, orientações políticas e sexualidades- possamos viver de forma harmoniosa e escutando uns aos outros”, escreveu Martins.
“Por isso mesmo, a radicalização, a intolerância, o cerceamento da liberdade de expressão, não devem e não podem ser aceitos. O Masp, um museu diverso, inclusivo e plural, tem por missão estabelecer, de maneira crítica e criativa, diálogos entre passado e presente, culturas e territórios, a partir das artes visuais”, prosseguiu. O diretor reforça que a exposição pretende construir um “debate consistente e sólido”.
Ainda de acordo com o Museu, a programação anual pretende discutir múltiplas perspectivas sobre a sexualidade, “considerando, especialmente, narrativas descolonizadoras, que extrapolem conceitos ocidentais hegemônicos e de classes dominantes, e provoquem atritos entre acervos diversos”.
Histórias da Sexualidade está inserida em um projeto mais amplo de exposições do MASP, que atenta para histórias plurais, que vão além das narrativas tradicionais, tais como Histórias da Loucura e Histórias Feministas (iniciadas em 2015), Histórias da Infância (em 2016) e Histórias da Escravidão (programada para 2018).
Polêmica – A exposição ocorre coincidentemente num momento em que o debate tomou conta das redes sociais no Brasil, e chegou até ao Ministério Público.
No fim de setembro, a participação de uma criança em uma performance protagonizada por um homem nu deu início a nova polêmica sobre a liberdade artística.
O teor dos comentários foi o mesmo daqueles que levaram ao cancelamento da exposição Queermuseu, alvo de protesto ligado ao Movimento Brasil Livre (MBL) em Porto Alegre.