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Material bruto sem revestimento vira destaque em reforma

Foto/Divulgação

Quando o arquiteto Rafael Zalc comprou um apartamento de 50m² na Barra Funda, há quatro anos, optou por uma planta que integrava o quarto e o living. Porém, para ele isso era pouco. Zalc estava decidido a morar em um espaço sem paredes. Por isso, e para uma maior otimização do espaço, ele se propôs a redesenhar cada espaço do imóvel com ajuda da ex-sócia, Mona Singal.

“Mexi bastante para ficar como eu queria. Integrei o terraço, que dispunha de uma boa área; aumentei o banheiro, que era minúsculo; modifiquei a cozinha, abrindo espaço para lavanderia”, detalha Zalc. Sempre tendo como desafio equacionar suas vontades à realidade da metragem enxuta.

“Tudo teve que ser muito pensado para evitar um aspecto de bagunça e comportar diferentes usos, como a varanda que foi transformada em sala de jantar e escritório”, conta ele. Graças à marcenaria bem planejada, foi possível ainda desenhar um banco para funcionar tanto como assento para mesa de jantar como escrivaninha.

“Ele é como uma ponte: tem uma estrutura interna reforçada e uma elevação na extremidade. A partir daí, se transforma numa mesa de trabalho”, explica.

O visual contemporâneo partiu da própria arquitetura do imóvel. Ao mexer no terraço, o arquiteto descobriu uma tubulação e decidiu deixá-la aparente, assim como parte da iluminação que foi disposta em trilhos. Para dar unidade à composição, a parede foi revestida com placas de concreto. “Eu queria esse paredão único. Ele começa na cozinha e vai até a sala de jantar. Assim o apartamento também passa a sensação de ser maior do que é”, diz Falc.

Com muitos materiais brutos, sugerindo uma atmosfera industrial, mas com parcimônia no uso dessa referência, o morador investiu em uma paleta de cores mais fechada nos tons de cinza claro, chumbo, branco e preto. “A intenção era deixar tudo como de fato é. O piso é de madeira de demolição, tem concreto, tem o dourado da tubulação de gás e o chumbo do vergalhão. Cores mesmo só nas almofadas, tapetes, itens de decoração e plantas na estante”, conta.

Aliás, é justamente a estante vazada, feita com vergalhões, que serve como divisor entre o living e o quarto. A cabeceira da cama ocupa a parede em toda sua extensão. “Ela é feita de lona de caminhão. A ideia era que tivesse aparência de usado, com marcas de graxa”, diz. Na parte de cima, uma escultura em arame feita por uma artista portuguesa leva vida ao branco, assim como as luminárias pendentes.

O aspecto organizado foi propiciado por um cubo onde estão embutidos o closet, um armário para cozinha e a entrada para o banheiro. “Perdi uns 30 centímetros de quarto para ter um banheiro maior. Mas valeu a pena. Pude colocar uma bancada grande e aumentar o box”, comenta ele. O mesmo aconteceu na cozinha. Sem área para lavanderia, o arquiteto abriu espaço e criou um cantinho com tanque e máquina de lavar roupa, que ficam escondidos por uma porta tipo camarão. “Odeio bagunça! Fiz tudo para evitá-la. No mais, investi em móveis feitos de designers brasileiros em início de carreira. Não tem nada de outro país aqui”, finaliza.

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