Médica discute com bombeiro do Samu e paciente morre
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emA Polícia Civil do Distrito Federal investiga a denúncia de omissão de socorro feita contra uma médica do Hospital Regional de Ceilândia que teria se recusado a atender uma mulher com suspeita de infarto. Ela alegou que havia poucos profissionais na unidade de saúde.
A paciente, levada por bombeiros militares, tinha 57 anos e morreu no local. A Secretaria de Saúde disse que vai apurar os fatos paralelamente. A profissional já responde a um processo na corregedoria por ter gritado com pessoas no corredor do hospital, há três meses. Disse na ocasião que estava sozinha e não atenderia mais ninguém que chegasse à emergência.
Responsável por buscar a paciente em casa, o sargento Alan Lins afirma que a mulher entrou em parada cardiorrespiratória ainda dentro da viatura. Os procedimentos de reanimação – massagem cardíaca e ventilação – começaram durante o trajeto. O homem diz que solicitou à central para comunicar que transportariam uma vítima em estado grave até o hospital de Ceilândia, mas que recebeu resposta de que ninguém atendia na unidade de saúde.
Segundo Lins, uma equipe do Samu ajudou os bombeiros a transportar a paciente até a sala vermelha e a continuar os socorros. “Aí a médica chegou e me questionou porque levei a mulher para lá, se eu não sabia das restrições do hospital. Falei que não sabia, que não tínhamos conseguido o contato, mas que paciente grave nós sempre levamos para a unidade mais próxima, independentemente da situação do hospital. Ela disse que não tinha mais médicos.”
O sargento e a médica teriam começado a bater boca a respeito da comunicação ou não de uma orientação que proibisse o transporte dos pacientes até o local. Lins diz que a mulher ainda teria procurado a chefia da emergência para confirmar se os bombeiros tinham consciência da situação do hospital. De acordo com a escala de servidores da secretaria, pelo menos mais uma profissional deveria estar prestando atendimento no local no mesmo horário. Não há informações se ela estava ou não lá. A pasta disse que vai encaminhar o caso para o Conselho Regional de Medicina.
Lins afirma que foi expulso “aos berros” pela médica da sala vermelha e que cerca de 20 minutos depois soube que a paciente morreu. O homem deu voz de prisão à profissional e a levou até a 23ª Delegacia de Polícia. Lá, todos prestaram depoimento e foram liberados após o registro da ocorrência.
“Fiquei desapontado [com a postura dela]. Estávamos ali para atender uma vida, tanto ela como médica quanto nós como bombeiros. Independentemente de ter ou não repasso restrição, ela se dispôs a discutir comigo, então poderia ter atendido a paciente. É lamentável, estamos na rua para salvar vidas. Poderíamos ter trabalhado juntos, mesmo que se ela não se salvasse, mas a gente tentaria. A vida ficou em segundo plano por causa de uma picuinha. É lamentável”, declarou o sargento.
A Polícia Civil informou que tem 30 dias para fazer a investigação. As testemunhas e familiares da paciente serão ouvidos neste período. Além disso, a corporação vai ter acesso ao laudo com as causas da morte. A médica pode responder por omissão de socorro, com o agravante de homicídio culposo.