Com cerca de 19 milhões de novos casos de câncer e quase 10 milhões de mortes relacionadas à oncologia registradas em todo o mundo em 2020, encontrar métodos eficazes para detectar rapidamente a doença continua sendo uma prioridade fundamental para a medicina.
Agora, em um novo estudo publicado na revista Science, pesquisadores do Reino Unido analisaram 19 tipos diferentes de câncer, conseguindo detectar 58 novas pistas sobre as chamadas “assinaturas mutacionais” que contribuem para o desenvolvimento da doença.
Alguns desses padrões surgem devido a problemas nas células de uma pessoa, enquanto outros são causados por fatores ambientais, como radiação ultravioleta, fumaça de tabaco ou produtos químicos, de acordo com a pesquisa.
Serena Nik-Zainal, principal autora do estudo e professora de medicina genômica e bioinformática da Universidade de Cambridge, disse que identificar mais padrões ajuda os cientistas “a entender o câncer de cada pessoa com mais precisão”.
Ela fez a analogia de “olhar para uma praia muito movimentada com milhares de pegadas na areia”, dizendo que “aos olhos destreinados, as pegadas parecem aleatórias e sem sentido”.
“Mas se você for capaz de estudá-los de perto, você pode aprender muito sobre o que está acontecendo, distinguir entre estampas de animais e humanos, se é um adulto ou criança, em que direção eles estão viajando, etc. É a mesma coisa com as assinaturas mutacionais. O uso do sequenciamento do genoma completo pode identificar quais ‘pegadas’ são relevantes/importantes e revelar o que aconteceu durante o desenvolvimento do câncer”, destacou Nik-Zainal.
A professora também comparou as assinaturas mutacionais a “impressões digitais na cena do crime”, algo que ela disse ajudar a “identificar os culpados do câncer”.
De acordo com Nik-Zainal, “algumas assinaturas mutacionais têm implicações clínicas ou de tratamento – elas podem destacar anormalidades que podem ser direcionadas a medicamentos específicos ou podem indicar um potencial ‘calcanhar de Aquiles’ em cânceres individuais”.
Isso foi repetido por Michelle Mitchell, executiva-chefe da principal instituição independente de caridade de câncer do mundo, a Cancer Research UK. Mitchell disse que o estudo “mostra como os testes de sequenciamento de genoma completo podem ser poderosos para fornecer pistas sobre como o câncer pode ter se desenvolvido, como ele se comportará e quais opções de tratamento funcionariam melhor”.