Fitoterapia
Medicina tradicional chinesa ganha espaço
Publicado
emSegundo a filosofia que rege as práticas da Medicina Tradicional Chinesa, o corpo humano, assim como o ambiente que nos cerca, é tomado de energia, denominada Qi, certo? Essa energia está em todo o lugar e interage com o nosso corpo, tanto é que podemos controlá-la com movimentos (Qi Gong e Tai chi, por exemplo), com inserção de agulhas e estimulações de pontos específicos e também com a alimentação.
A alimentação é um dos principais provedores de Qi para o organismo e dessa forma, os alimentos sólidos ou líquidos, possuem propriedades energéticas que podem interferir no nosso corpo. Tais propriedades seguem a regra básica do Yin e do Yang, isto é, existem componentes na natureza, que em determinados momentos possuem propriedades mais Yin do que Yang e vice-versa, lembrando sempre que tanto Yin como Yang podem transmutar e se transformam um no outro. Logo, o que a gente ingere interfere no nosso Qi e também nos níveis de Yin e Yang, que, como já vimos antes, em níveis desequilibrados podem ocasionar problemas de saúde, tanto na esfera energética quanto na física.
Com esse adendo, já fica mais fácil entender a fitoterapia chinesa. Ela busca sempre o equilíbrio do indivíduo e não tanto em cura , pois o organismo busca a auto cura. O importante é suprir o que falta naquele momento, através de ervas e plantas medicinais (daí o nome Fitoterapia).
De origem milenar a fitoterapia é bem semelhante à alquimia, isto é, precisa-se conhecer cada planta, cada erva, sua propriedade energética e os efeitos na administração conjunta entre elas, para que possamos suprir algum déficit energético do paciente ou mesmo promover a prevenção dos agravos. Esse conhecimento se dá graças às propriedades energéticas que cada erva possui frente à circulação do Qi e do sangue (Xue) no corpo.
Na Fitoterapia Chinesa existe uma erva Imperador, que vai determinar a ação da fórmula, as ervas Ministros, que ajudam a potencializar a ação do Imperador, as ervas Assistentes que atuam promovendo o bem-estar da pessoa e cuidam do estômago para que este receba a substância, e as ervas Mensageiras que levam as demais para o local a ser tratado.
Graças aos conhecimentos sobre o Yin e o Yang, pode-se subdividir as plantas em quentes, frias, mornas e frescas, ou mesmo ácidas, amargas, doces, salgadas e picantes (estes sabores relacionados aos 5 movimentos, que compõem a teoria clássica da medicina chinesa). Cada um desses sabores e propriedades térmicas tem um efeito sobre a circulação do Qi e Sangue no corpo.
Por exemplo, o gengibre é considerado uma erva quente (que junto com o morno tem propriedade mais Yang) e serviria para aumentar a energia Yang do corpo (tonificar o Yang) e eliminar o frio, possuindo ação estimuladora e fortalecedora. Já ervas frias (ou frescas), possuiriam propriedade mais Yin, com ação sedativa, acalmando, aliviando a febre, isto é, dispersando o calor que um possível desequilíbrio entre o Yin e o Yang no organismo possa causar. Como exemplo desse último, temos o hortelã e a gardênia. É lógico que isso é somente uma parte da fitoterapia chinesa. As ervas ainda possuem outras propriedades, além destas citadas que auxiliariam a manutenção do equilíbrio energético do corpo, devidamente estudadas pelos fitoterapeutas.
As propriedades dos alimentos podem ter relação com a própria origem dos mesmos, e isto torna a teoria chinesa mais abrangente ainda. Vamos exemplificar: Todos sabemos que a batata nasce dentro da terra. Isso a torna um alimento Yin por natureza (mais próximo do chão, dentro da terra, sólido), diferente de uma laranja, que nasce no topo de uma árvore e tem propriedade mais Yang (alto, longe do chão). Agora, se você cozinhar a batata, você pode transformar essa característica inerente Yin dela em Yang, e isso é um exemplo clássico da transformação do Yin para o Yang em uma única estrutura. Tudo isso rege a fitoterapia e a dietoterapia chinesa.