No consultório do dentista
O barulho do motor, me arrepia
Imóvel e com as mãos atadas
Mereço ali aquela tortura?
A angústia que me vem é de dentro ou de fora?
Na anatomia da dor
Cargas elétricas violentam a minha epiderme
Tal qual uma intimidade não consentida
Trazendo em si uma descarga de velhas memórias
Estaria eu, por fim, na vivacidade de outrora?
Mas essa dor incômoda e desgovernada
Me desperta ou anestesia?
No todo, em partes
Emoções e sensações invadem o meu ser
Clamando por depuração e análise
Mas é ali, à flor da pele, que percebo como ele reage
Corpo-mente: é possível separar?
Como devo me comportar?
Por origens insólitas
Na anatomia da dor
Medo e culpa expiam a dualidade entre presa e algoz