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Um ciclo renovado

Mei-Lin aprende na fonte dos desejos que a força do milagre está no coração

Publicado

Autor/Imagem:
Paulus Bakokebas - Foto Produção Editoria de Artes/IA

Era uma tarde tranquila na pequena vila de Tong-lin, cercada por montanhas que pareciam abraçá-la em um aconchego eterno. Ali, o tempo corria devagar, como se respeitasse o ritmo de cada habitante. As ruas calçadas de pedras, gastas pelo caminhar de gerações, contavam histórias de outrora para quem tivesse ouvidos atentos.

No centro da vila, um mercado fervilhava. Barracas exibiam frutas maduras, tecidos coloridos e artesanatos singelos. Cada um dos comerciantes tinha um sorriso pronto e uma história para contar, mas o que realmente atraía os visitantes era a fonte dourada no coração do mercado. Diziam que a água daquela fonte tinha o poder de realizar desejos, mas apenas para aqueles que soubessem dar algo de valor — não material, mas do coração.

Um dia, chegou à vila uma jovem chamada Mei-Lin. Ela trazia nos olhos um misto de esperança e tristeza, carregando em suas mãos um pequeno embrulho. Mei-Lin se aproximou da fonte, observando as moedas e flores que outros haviam deixado ali. Com cuidado, ela desfez o embrulho, revelando um lenço bordado com figuras de pássaros em voo. Era um presente de sua avó, dado em um momento de despedida.

Com os olhos marejados, Mei-Lin falou baixinho: “Troco este lenço, minha lembrança mais preciosa, por um desejo. Que minha irmã possa voltar a andar.” Deixando o lenço na beira da fonte, ela se afastou, sentindo um misto de esperança e vazio.

Os dias passaram, e Mei-Lin permaneceu na vila, ajudando os moradores e conhecendo suas histórias. Aos poucos, percebeu algo curioso: sempre que fazia algo por alguém, sentia um calor leve no peito, como se a fonte retribuísse sua generosidade. Um dia, ao ajudar um ancião a carregar lenha, ele lhe disse: “A fonte não realiza desejos sozinha. Ela nos ensina a encontrar o poder dentro de nós mesmos.”

Mei-Lin então compreendeu. Mais do que o desejo de ver sua irmã andar, o que a fonte havia lhe dado era a força para acreditar que isso era possível. Retornou à sua cidade, levando o aprendizado de Tong-lin no coração. Começou a trabalhar para ajudar sua irmã, buscando médicos e tratamentos. Um dia, ao segurar as mãos da irmã durante uma sessão de fisioterapia, viu um pequeno movimento, e percebeu que dar e receber eram partes de um mesmo ciclo.

Tong-lin permaneceu como uma memória preciosa, um lugar onde aprendera que, mais do que realizar desejos, a vida nos ensina a cultivá-los com amor e dedicação.

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