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Memorial dos Povos Indígenas tem mostra de artistas que pintaram o mato

Marieta Cazarré

O Memorial dos Povos Indígenas, em Brasília, recebe a partir desta terça (19) mostra que reúne trabalhos de artistas indígenas e não indígenas. São aproximadamente 150 peças, entre instalações, esculturas, vídeos, pinturas, desenhos, objetos, documentos e recortes de jornais.

Bené Fonteles, artista plástico e curador da exposição, afirma que a mostra reconta a história do próprio Memorial que, na década de 1980, quase foi transformado no Museu de Arte Moderna da capital.

“Fiz uma provocação, pois foi uma luta que tivemos para devolver o Memorial aos indígenas. Convidei artistas e eles fizeram obras com o acervo do museu e ficou muito interessante. Trouxemos a arte do índio também, adornos, tacapes, e não só artesanato. Tem objetos indígenas que são de uso em rituais, outros cotidianos”, conta Fonteles.

A mostra reúne obras de artistas como Ailton Krenak, André Vallias, André Santângelo, Ernesto Neto, Elyezer Szturm, Daiara Tukano, Flávia Carvalhinho, Glênio Lima, Luiz Gallina, Marcos Bentes e Rômulo Andrade; além de vídeos realizados nas aldeias.

Glênio Lima, um dos artistas convidados, conta como fez a instalação Canoa Quebrada, que está exposta na mostra. “Foi uma canoa velha, indígena, que encontrei no Rio Araguaia e cortei em quatro pedaços. Estão pendurados em cabos de aço e em níveis diferentes, como se estivesse flutuando”, conta.

Para Bené Fonteles, parte da sociedade brasileira quer tornar os indígenas invisíveis. Por esse motivo, ele ressalta a importância de se valorizar a arte feita por aqueles que são os guardiões das florestas e que influenciaram significativa a cultura brasileira.

“A arte indígena é do mais alto nível em qualidade estética e tem uma influência enorme na nossa cultura. É impressionante a influência indígena na arte brasileira, na música, nos costumes, no linguajar. Essa história a gente precisa reconhecer e não exterminar”, afirma Fonteles.

A abertura da exposição será às 20h e haverá apresentação do grupo aborígine australiano “Descendance”. Os aborígenes australianos descendem de emigrantes africanos que povoaram a Ásia e há 60 mil anos cruzaram o mar, utilizando canoas e embarcações toscas.

A mostra é gratuita e fica aberta ao público até 30 de junho, de terça a sexta, das 9h às 17h. O Memorial dos Povos Indígenas fica no Eixo Monumental, na Praça do Buriti.

Agência Brasil

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