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Triste estatística

Meninas mães brotam no Nordeste por inocência e abuso no seio da família

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Autor/Imagem:
Acssa Maria - Foto Produção Irene Araújo

O número de mães solteiras adolescentes cresce a cada dia no Nordeste. São jovens que, diante da responsabilidade inesperada da maternidade, acabam entregando seus filhos para adoção ou deixando-os sob os cuidados dos avós e outros parentes. Essa realidade, tão presente e ao mesmo tempo tão invisibilizada, desenha um retrato de desafios e dilemas que vão além da simples estatística.

Para assistentes sociais que lidam com essa situação diariamente, as causas são claras: a imaturidade dessas meninas, muitas vezes ainda crianças, o contexto socioeconômico da região, onde a precariedade torna ainda mais difícil a jornada de quem precisa criar um filho sozinha, e, em muitos casos, o abuso sexual, inclusive dentro da própria família, que silencia e condena essas jovens a uma maternidade imposta. A falta de acesso a educação de qualidade, à informação sobre planejamento familiar e a oportunidades para um futuro melhor agravam um ciclo que se perpetua por gerações.

Entre os becos e vielas das cidades e vilarejos, as histórias se repetem. Meninas que sonhavam em estudar, trabalhar e construir uma vida diferente, agra vivem presas a uma realidade dura, onde a infância se mistura com a maternidade. Algumas encontram apoio em suas famílias, que assumem a criação do bebê; outras, sem essa rede de suporte, fazem a dolorosa escolha de entregar seus filhos para que tenham uma chance de um futuro melhor.

O problema não tem solução simples, mas poderia ser atenuado com políticas públicas eficientes. Programas de educação sexual, apoio psicológico, incentivo à escolarização e assistência social adequada seriam passos fundamentais para evitar que tantas meninas tenham a infância interrompida pela maternidade precoce. Mais do que números em relatórios, são vidas que precisam de atenção, acolhimento e oportunidades.

O quadro é dramático. E mesmo com estatísticas desencontradas, o Nordeste aguarda as mudanças que não vêm. O nordestino, sem uma luz no fim do túnel, segue testemunhando essas histórias que se repetem, esperando que um dia o ciclo seja quebrado e que o futuro dessas jovens possa ser reescrito com mais esperança e possibilidades.

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