Marta Nobre
No depoimento prestado ao juiz Sergio Moro na semana passada, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu que conversou com o empresário Léo Pinheiro, da OAS, sobre reformas no sítio de Atibaia. Disse, porém, que o encontro foi rápido, em seu apartamento de São Bernardo do Campo.
O juiz ouviu em silêncio. E embora demonstrasse um sorriso incipiente no rosto, nada mais deixou transparecer. Ocorre que Lula não sabia que uma verdade por ele ocultada, era do conhecimento de Moro: o encontro foi no próprio sítio.
Antes de marcar a data do interrogatório, Moro recebeu um vasto dossiê da Força Tarefa da Lava Jato, elaborado pela Polícia Federal.Entre os documentos, uma foto em que aparecem Lula e Léo Pinheiro. A imagem foi protocolada como prova da relação de Lula com o empreiteiro, acusado de pagar propina para se beneficiar de obras na Petrobras.
As obras no sítio de Atibaia ainda não são investigadas no processo ao qual o documento foi anexado. Mas de acordo com investigações da força-tarefa da Lava-Jato, o sítio, que está no nome de dois sócios de Fábio Luís, um dos filhos de Lula, foi reformado pelas empreiteiras OAS e Odebrecht para o ex-presidente Lula, que seria o real proprietário do imóvel.
Enquanto a Odebrecht fez a ampliação da área habitável da propriedade, com a construção de mais quatro suítes e uma adega, a OAS ficou responsável pela contenção do lago, que estava perdendo água e precisava de uma nova barragem. A empresa também instalou móveis planejados na cozinha do sítio, comprados da Kitchens, a mesma fornecedora dos móveis instalados no tríplex do Guarujá.