A Rússia vive uma crise político-militar sem precedentes nas últimas 24 horas. Tudo começou com motim patrocinado pelo general Yevgeny Prigozhin, comandante do Grupo Wagner de Mercenários, contratado para lutar na guerra contra a Ucrânia. Ele resolveu mudar de lado, voltando-se contra Moscou. Como a ideologia mercenária atende pelo nome de rublo (ou dólar, euro, libra…) tudo pode acontecer.
Alvo direto de Prigozhin, o presidente Vladimir Putin mexeu com seus pauzinhos. As forças de segurança tomaram as ruas moscovitas, criando um escudo para defender o Kremlin e a Duma (congresso russo). Até porque, se o comandante rebelde conta realmente com os 25 mil homens que afirma ter em suas tropas, os russos podem assistir a um verdadeiro banho de sangue capaz de inundar o Volga.
O Ministério da Defesa, o FSB (uma mistura de serviço de informações e tropas de elites), o Ministério de Assuntos Internos e a Guarda Nacional estão de prontidão. A ameaça golpista acontece paralelamente à tão anunciada contraofensiva da Ucrânia numa guerra que se arrasta há 1 ano e meio. O Ministério Público condenou o motim e determinou a prisão de Prigozhin. O problema é achar e algemar o general rebelde.
Prigozhin diz ter sido traído, com suas tropas de retaguarda sendo atacadas pelas forças russas. “Nos banhamos com sangue”, disse ele em mensagens postadas nas redes sociais. Moscou reagiu. O Kremlin afirma que o líder mercenário decidiu trabalhar para quem paga mais. E dinheiro é o que não falta para Prigozhin. Além de supostamente dispor de recursos dos nababescos russos exilados, haveria dinheiro da Otan por trás.
O fato é que, ao virar a casaca, Prigozhin mexeu com os brios dos generais aliados de Putin. Se a rebelião ganhar contornos maiores, o presidente russo pode mostrar as garras de um velho urso siberiano. Acuado, Putin estaria disposto a acionar diversos dispositivos. Inclusive aqueles famosos botões que detonam mísseis que formam imensos cogumelos.
A corrida é contra o tempo. Se entender que seu poder está ameaçado, o antigo e experiente ex-agente da KGB, cercado por Madame Morte, pode querer levar muita gente com ele. O sinal de uma hecatombe está no ar. Que vem a ser sinônimo de Apocalipse.