A Polícia Civil do Rio de Janeiro está investigando as circunstâncias em que 103 pessoas se intoxicaram nesta sexta-feira (14) em uma escola de Rio das Ostras, na Região dos Lagos, possivelmente após o acionamento de um dispositivo com efeitos semelhantes aos dos detonadores de gás de pimenta. De acordo com a Polícia, o registro da ocorrência na Escola Inayá Moraes do Couto foi feito na 128ª Delegacia Policial por uma representante da Secretaria de Educação do municipio.
O delegado Diogo Teixeira Schettini pediu uma lista completa com os nomes das pessoas que estavam na escola e possam ajudar na investigação. Schettini disse que tentará localizar câmeras de segurança nas proximidades da escola para analisar as imagens e identificar possíveis suspeitos.
A secretária de Saúde, Ana Cristina Guerrieri, que também é pediatra, informou que, no pronto-socorro, foram atendidas 48 pessoas, entre funcionários e alunos, com idade acima de 13 anos. Para a emergência pediátrica do Hospital Municipal, foram levados 55 alunos com menos de 13 anos. “Alguns precisaram de soro, outros de nebulização e alguns foram apenas examinados, até porque, em uma situação dessas, há pânico, mas, às 13h, todos já estavam liberados.”
Ana Cristina disse que, diante do grande número de pessoas intoxicadas foram deslocados médicos de outras unidades hospitalares para reforçar o atendimento. “Sou médica e tenho dois subsecretários, também médicos, e todos nós nos envolvemos. Mobilizamos equipes e chamamos médicos que estavam em outros setores, até para dar conta de uma demanda muito superior à do cotidiano em um curto espaço de tempo”, explicou.
Os bombeiros foram os primeiros a prestar atendimento às pessoas intoxicadas. O comandante da PM em Rio das Ostras, capitão Rafael Brazão, disse que, por volta das 9h, o pai de uma criança procurou o quartel, que fica perto da escola, e informou o que estava acontecendo. Quando os bombeiros chegaram, os funcionários e os alunos, em pânico, reclamavam de irritação nos olhos, queimação na garganta, enjoo e falta de ar. Todos foram levados para o atendimento médico em ambulâncias da prefeitura e em três vans de motoristas particulares que se dispuseram a ajudar.
Segundo Brazão, os bombeiros fizeram uma vistoria em todas as instalações e não encontraram qualquer artefato capaz de ter provocado o problema e descartaram a possibildade de vazamento de gás de cozinha. “Olhamos lá e não encontramos nada que indicasse qual o produto químico que foi acionado na escola. A suspeita é que tenha sido no banheiro, mas não encontramos nenhum dispositivo. Gás [GLP], temos certeza de que não foi, porque ele não provoca essa reação no organismo – irritar os olhos e causar asfixia – e verificamos que não tinha vazamento.”
Para o comandante, o tipo de intoxicação lembra a que é causada pelo gás de pimenta. “A irritação nos olhos e nas vias respiratórias é própria desse tipo de spray. O spray de pimenta é mais fácil de ser encontrado e comprado que qualquer outro tipo de gás”, afirmou. Brazão disse que o atendimento inicial e a fiscalização na escola foram feitos por 16 bombeiros e que não foi preciso chamar profissionais de outros quartéis para ajudar.
Em nota, a prefeitura de Rio das Ostras informou que a escola funcionou normalmente à tarde, depois que os bombeiros descartaram a possibilidade de risco para os alunos e funcionários.