Sou de uma geração onde todos desejávamos amar e ser amado.
Todos nós torcíamos por uma bela história de amor, demonstrar sentimentos, amar era uma dádiva.
E, de repente, me vejo vivendo em uma geração onde os sentimentos e emoções passaram a ser vergonhosos.
Tudo é feio, somos emocionados e eu como sou da geração do amor, dos sentimentos decidi viver sozinha, não quero relações vazias e individualista, quero a alegria de rolar na cama, quero o beijo leve no café e o eu te amo, quero as risadas e cobranças de resposta ao eu te amo, quero a liberdade de dizer sou apaixonada e se não encontrar, prefiro viver comigo, só.
Mas, a vida tem suas armadilhas e foi nessa que eu cai, após inúmeras reclamações por minha amiga ter criado uma conta em um app de relacionamento eu descobri como deletar e lá fui eu, mas o destino quis brincar e lá estava o sorriso que mudou tudo em um instante.
Fechei o app, abri novamente, li, analisei e decidi clicar no coraçãozinho.
Claro, que me convenci de que ele não curtiria de volta, mas no mesmo instante recebi uma mensagem de bom dia.
Em três dias a conversa tinha passado para o watts, e eu ansiava pelas mensagens.
Clichê, eu sei.
Cada dia que se passava eu o amava mais, eu queria viver aquilo que crescia lindamente dentro de mim, então veio dele o primeiro eu te amo.
Me assustei, mas no dia seguinte decidi que valia o risco.
Mergulhei de cabeça e então a diferença de gerações foi o que nos separou.
Minha geração ama, e eu amei, eu investi, eu fui atrás, eu corri atrás, acreditam? Logo eu.
Ele, a geração do sentir é feio passou a me considerar impulsiva, já não lia minhas mensagens, não queria demonstrar seus sentimentos e passou a ter medo de mim, uma mulher intensa que ama e que não se importa em
demonstrar.
A cada dia eu amava mais, a cada dia ele se assustava mais e foi assim que um dia, em uma simples mensagem e o silêncio eu fiquei com o amor, a dúvida, a dor da rejeição e vazio da incompreensão.
E quase me perdi, por um instante desejei fazer parte da geração que tem medo de amar e de se arriscar, mas é o amor que nos torna livres e humanos.
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Mércia Souza, mãe, avó, artesã crocheteira e escritora. Três livros publicados, participação em diversas antologias, descobriu sua paixão pela escrita aos 12 anos na biblioteca municipal Rubem Braga. Atualmente reside na cidade de Cachoeiro de Itapemirim -ES.