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Messias ressuscita Luiz Inácio e deve perder o Planalto em 2022

Vendido interna e externamente como um cometa, o presidente Jair Bolsonaro não passa de um meteoro perdido no espaço. Em situação muito parecida, a terceira via parece cachorro sem pedigree e sem dono correndo atrás do próprio rabo. Enquanto isso, Luiz Inácio nada de braçada. Candidato que incomoda os que se incomodam com a democracia, Lula se mantém à frente nas intenções de votos das eleições de 2022 e venceria em todos os cenários no segundo turno, conforme o mais recente levantamento divulgado pelo Ipespe, instituto formado por ex-integrantes do Ibope. O que parecia piada de salão, acabou se transformando em verdade absoluta.

Desplugado da realidade, o Messias Bolsonaro fez tantas que acabou ressuscitando o sapo barbudo do PT. Agora, a Inês é morta. Não adianta chorar o leite derramado, tampouco tentar sufocar o coaxar amplificado do ex-presidente. Pavorosos para as pretensões da turma do cercadinho, os dados apenas confirmam o desejo de expressiva parcela do eleitorado brasileiro. O fato é que desde que o Supremo Tribunal Federal o liberou para disputar as eleições presidenciais do ano que vem, Luiz Inácio não para de crescer nas pesquisas.

Diriam algumas viúvas da direita sem ideologia que o líder petista ainda não foi inocentado pela Justiça. Pode ser. Entretanto, tudo indica que o povo o quer de volta. Os números da consulta do Ipesp são suficientemente eloquentes. Em eventual segundo turno, Lula venceria qualquer oponente com percentuais superiores a 50%. Obviamente que a contagem ainda não é definitiva, mas, inquestionavelmente, comprova o cansaço do eleitor com as mentiras, xingamentos, palavrões, despreparo e, sobretudo, com a desonestidade política de alguém que se elegeu com discursos melosos de integridade, probidade e colocando diabolicamente Deus acima de tudo e de todos.

Não faço parte do fã-clube de nenhum dos postulantes à Presidência da República. Na verdade, torço contra um. Aliás, acredito que boa parte dos brasileiros está inserida nessa torcida “suprapartidária”. É uma interessante lista, cujo enunciado destaca uma fictícia, mas realíssima frase: qualquer um será melhor do que o que está posto. Tomara que, pensando no governo a partir de 2022, consigamos inverter a ordem de Ulysses Guimarães com relação ao Legislativo: “Se você acha ruim a atual composição do Congresso, espere a próxima. Será muito pior”. Somos hoje cerca de 150 milhões de eleitores aguardando mudanças.

Entre esses, expressiva parcela gosta e torce pelo ex-presidente Lula, alguns odeiam o líder da esquerda e continuam amando Bolsonaro, enquanto outros rogam aos céus pelo surgimento de um tertius, alguém que seja de centro, mas que esteja distante das estratégias maquiavélicas do Centrão. Longe de mim achar que, seja ele quem for, o próximo presidente possa prescindir dos préstimos políticos do bloco da boquinha. É o resultado do chamado presidencialismo de coalizão, fragmentação partidária inventada na política do século 21 e que, conforme o cientista político Sérgio Abranches, obriga o Executivo a costurar votos no varejo para conseguir apoio para seus projetos, ainda que esses sejam de relevância para o país.

O que sei é que, caso Lula seja o vencedor, o Centrão terá de se reinventar. Pelo menos negar o que a maioria de seus integrantes disse sobre Lula e seus seguidores durante as administrações Temer e Bolsonaro. Nada que eles já não façam com maestria. Estão acostumados a dizer que é branco o que os fatos afirmam ser negro. Também não se incomodam em optar entre a evidência e a fé cega. Afinal, na política nem sempre o que se escreveu ou foi dito ontem pode ser lido ou ouvido hoje com a mesma intensidade.

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