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Mestre Teodoro, 100 anos e muita festa no ar
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emHá 100 anos, em 9 de novembro de 1920, nascia, no Maranhão, Seu Teodoro Freire. Anos mais tarde, na capital do País, o menino de São Vicente de Férrer tornou-se mestre e grande referência de cultura popular na cidade, reconhecido e consagrado, ainda em vida, com a Ordem do Mérito Cultural (OMC).
Em 1963, fundava-se o Bumba Meu Boi de Seu Teodoro, hoje patrimônio imaterial do Distrito Federal, guiado por esse que lhe emprestou não apenas o nome, mas a perseverança de fazer cultura frente as incertezas da construção de uma nova cidade. É por essa grandeza que o Instituto Rosa dos Ventos, por meio do Circuito Candango de Culturas Populares, realiza, durante todo o mês de novembro, uma série de ações culturais para celebrar, com os devidos louros, seu centenário.
“Em um momento de muitas restrições, faremos o possível para chegar perto daquilo que Seu Teodoro fazia e que seus filhos, herdeiros desse legado, continuam fazendo. Seguindo os protocolos de segurança sanitária, teremos apresentações do boi em feiras permanentes da cidade e o lançamento do primeiro álbum do grupo, dirigido por Larissa Umaytá, neta de Seu Teodoro, percussionista referência no DF, com a participação de outros grandes nomes que compõe o grupo – Gilvan do Vale, Tamá e Guará Freire, entre outros”, aponta Stéffanie Oliveira, presidente do instituto.
O projeto, fomentado pela Secretaria de Cultura, abrange três ações principais:
Lançamento do álbum O Legado do Sonho de Uma Criança – primeira e histórica gravação profissional em estúdio dessa manifestação cultural brasiliense tão importante;
Veiculação das vídeo-rodas do Bumba Maria Meu Boi – série documental com valor educativo e patrimonial, extraída de profundas conversas entre Tamá Freire e personalidades da cultura popular sobre as tradições do boi;
Apresentações do Bumba Meu Boi em feiras populares do Distrito Federal – atuações cuidadas e reduzidas, para preservar público e brincantes, durante o espetáculo.
Conta-se que, ainda menino, Seu Teodoro pulava a janela de casa para assistir a apresentações de bois no Maranhão, levando-o a apaixonar-se ao ponto de fundar seu próprio grupo mais tarde. O álbum, cujo título rende homenagem a essa memória da infância, será lançado nas principais plataformas de streaming de música. Já as vídeo-rodas serão veiculadas nas redes sociais e no canal Youtube da Rosa dos Ventos. Por fim, as apresentações do Bumba Meu Boi acontecerão todas nos finais de semana, na Torre de TV, na Prainha do Paranoá, na Feira de Planaltina, no Deck Sul, e na Feira do Setor O, em Ceilândia.
Herdeira da tradição
Para Tamá Freire, também conhecida como Jamelinha da Mangueira, filha do mestre e diretora artística do projeto Bumba Maria Meu Boi, grupo formado somente por mulheres, a comemoração do centenário é um encontro de gerações.
“Nossa maior preocupação é manter tudo com as caraterísticas do boi que ele deixou, como ele gostava, realizando o ritual dos ensaios, os batizados e a morte do boi em sua essência, sem as influências externas que a modernidade vem impondo às culturas. A família está muito envolvida, com cada um desempenhando seu papel. Procuramos cada vez mais inserir as pessoas de diferentes idades e mostrar a elas o quanto são responsáveis pelo cuidado com o nosso patrimônio e principalmente, pelo respeito ao trabalho do mestre.”