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Metro quadrado barato gera nova corrida para Portugal

Foto/Divulgação

O que está levando tanto brasileiro a trocar o destino dos seus investimentos imobiliários dos Estados Unidos para Portugal? O assunto, abordado em reportagem de Notibras (leia aqui) merece ser aprofundado. O certo é que muitos ventos favoráveis estão transformando a terra dos nossos descobridores em um porto privilegiado para os estrangeiros, tanto para o turismo como para fixar residência. E quem descobriu, está sendo descoberto.

– O setor imobiliário está em efervescência, com muitas transações, projetos, revitalizações, construções, notoriedade, prêmios e distinções, revela o advogado Luís Filipe Carvalho, da DLA Piper/Portugal nesta entrevista por e-mail. E, garante, “a tendência é crescer ainda mais”.

O país, lembra Luís Filipe, passou a ser amplamente reconhecido pelas suas fascinantes potencialidades. Ele cita como exemplo “a luz, a costa atlântica, a comida e o vinho, a história, a tradição, a hospitalidade, a capacidade de inclusão, a cultura, o bem estar e a segurança. Tudo isto foi descoberto, divulgado e fortemente amplificado”.

De repente, Portugal saltou para o topo dos rankings internacionais do “onde ir”, do “onde melhor investir em imobiliário” e do “onde melhor viver”. E esse nicho tem sido bem aproveitado particularmente não só por brasileiros, como também por franceses e ingleses.

Portas abertas – Quem vai à ‘Terra de Cabral’ observa que as cidades portuguesas, carregadas de patrimônio histórico e cultural, tiveram uma profunda modernização, transformando-se em locais fashion com grande qualidade de vida.

Vale ressaltar que os investidores institucionais do pós-bolha imobiliária de Lehman Brothers estão hoje bem mais rigorosos, técnicos, científicos e seletivos. Eles também descobriram o mercado português, passando a canalizar para lá um apreciável volume de investimento com capitais próprios, dirigido, em especial, para ativos turísticos e residenciais. Consequentemente, os edifícios de cidades como Lisboa e Porto tornaram-se altamente disputados no xadrez do investimento na Europa.

A tudo isto, lembra Luis Filipe, juntou-se o sucesso dos programas nacionais para atrair a fixação de pessoas estrangeiras. O Golden Visa e o Regime de Residentes não Habituais (RNH) são, com os benefícios que concedem (de natureza fiscal e de circulação na Europa), ferramentas bem ajustadas que despertam e satisfazem a procura dos estrangeiros.

Ao longo dos últimos anos Portugal passou a ser um caso sério de crescimento sustentado do setor imobiliário, gerando uma salutar euforia realista. O segmento imobiliário tornou-se a alavanca da economia portuguesa, com um crescimento em transações na ordem dos 25% ao ano – em que mais de 20% são realizadas por estrangeiros – com a valorização média dos imóveis em 20% ao ano e com a indústria imobiliária representando cerca de 10% do PIB, que é, precisamente, a atual taxa média dos países desenvolvidos.

As cidades portuguesas ainda têm uma grande margem de valorização. Lisboa, com o preço médio por metro quadrado de 6 mil 500 euros continua a ser extraordinariamente competitiva face aos valores médios de Madrid (€8.500), Berlim (€10.200), Paris (€16.000) ou Londres (€29.000).

Terra da felicidade – Dotado de excelentes infra-estruturas de estradas, de rede de transportes, de saúde, de educação e de justiça, Portugal entrou no restrito campeonato dos países com a mais elevada capacidade de atração de investimento estrangeiro.

A entrada nesta liga levou a uma profunda diversificação da oferta de imóveis para estrangeiros: às tradicionais camas de hotel, de turismo de habitação e de turismo rural juntaram-se as habitações citadinas em short-term (Alojamento Local), os residenciais de estudantes, as casas de segunda habitação e as residências permanentes, a que se continuarão a juntar outras formas inovadoras como o co-living.

Ao mesmo tempo, os hotéis desenvolvem um apreciável esforço de inovação e alinhamento com as novas tendências internacionais, reconfigurando o país para um clima muito apreciável de modernidade, satisfazendo a procura do turismo citadino, de praia, de conferências, de eventos e das zonas de interior.

A verdade, sublinha o dirigente da DLA Piper/Portugal, é que vive-se um momento único. São várias as novas peças, em puro estilo de arte moderna, com uma beleza arquitetónica extraordinária, com destaque em Lisboa para o Museu de Arte Arquitetura e Tecnologia (MAAT), a Gare do Oriente, a Fundação Champalimaud e o Museu dos Coches e com destaque no Porto para a Gare Marítima de Leixões, o Museu de Serralves e a Casa da Música.

Os destinos turísticos são diversificados, desde a região do Douro, às praias e ao golfe do Algarve, ao glamour de Cascais, à encantadora vila de Sintra, ao centro histórico de Angra do Heroísmo, nos Açores, à fascinante cidade de Évora, até às cosmopolitas cidades de Lisboa e Porto e à pérola do Atlântico, a ilha da Madeira. Tanto é assim, que o país já conta com quinze locais com a classificação de Património Mundial (da UNESCO), a que se juntam muitas outras classificações no âmbito histórico e cultural.

Corrida do investidor – E tem mais: com uma robusta solidez jurídica, legal e fiscal, Portugal virou-se para o investimento estrangeiro como o nosso Cristo-Rei está para Lisboa e para o mundo, de braços bem abertos.

Em síntese, finaliza Luis Filipe, em função da crescente procura dos estrangeiros, “o setor imobiliário assumiu a batuta da economia portuguesa como o melhor jogador do mundo, o nosso Cristiano Ronaldo, dirige o nosso team nacional”.

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