O sujeito atravessa o país, enfrenta filas, paga uma fortuna e, no final, desfila em um cercadinho de corda, suando dentro de um abadá caro, padronizado e esquisito. Tudo isso porque disseram que essa é a “melhor forma” de curtir o Carnaval. E tudo ocorre na Bahia.
Enquanto isso, em Pernambuco, o folião sai de casa de chinelo, veste a fantasia que deu na telha e encontra um bloco gratuito virando a esquina. Dança ao som do frevo, do maracatu, do brega e do que mais o batuque permitir, sem pulseira VIP, sem ingresso antecipado e sem medo de perder a “experiência premium”.
Mas tem gente que gosta de se sentir exclusivo, de pagar caro para não se misturar com a multidão, como se a verdadeira alegria viesse do cartão de crédito e não do calor humano da festa. É o caso de Salvador.
No fim das contas, enquanto um se liberta no meio da rua, o outro se conforma com sua “festa particular” dentro da cerca. Pobre folião de abadá: pagou pelo Carnaval, mas não sabe que o verdadeiro Carnaval nunca se vendeu.
A verdade é que todo ano a cena se repete. O baiano orgulhoso exibe seu abadá caríssimo, pago em 12 vezes sem juros, enquanto o pernambucano ri, segurando uma latinha de cerveja e gastando exatamente zero reais para pular atrás de um bloco.
O sujeito lá em Salvador desembolsa uma pequena fortuna para ser empurrado em um cercadinho de corda, como se fosse gado premium, enquanto Ivete ou Bell Marques cantam a mesma música de 1998. Já em Olinda, o folião veste uma fantasia improvisada, dança frevo no pé e, veja só, sem precisar de pulseirinha VIP para existir.
O baiano jura que seu Carnaval é “o melhor do Brasil” porque tem trio elétrico e abadá exclusivo. Exclusivo mesmo, só para quem pode pagar! Enquanto isso, o pernambucano pula de bloco em bloco, sem fila, sem grade, sem gastar um centavo e ainda debocha: “Meu rei, pagasse tudo isso pra dançar espremido, é?”
Mas tudo bem, cada um escolhe o Carnaval que merece. Uns preferem ser livres na rua, outros preferem ser VIPs na jaula.