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Militares ecoam grito de independência com bye capitão

Brasília (DF) 11/07/2023 Depoimento para CPMI do golpe do tenente-coronel Mauro César Barbosa Cid, ex-ajudante-de-ordens do então presidente Jair Bolsonaro.Foto Lula Marques/ Agência Brasil.

As Forças Armadas só querem uma coisa, aliás, três: a volta à normalidade, a manutenção dos benefícios acumulados e distância de Bolsonaro. Fazem lembrar Geraldo Vandre: “Há soldados armados, amados ou não. Quase todos perdidos de armas na mão. Nos quartéis lhes ensinam uma antiga lição. De morrer pela pátria e viver sem razão”. Agora, depois de quatro anos ocupando os principais cargos do governo, de participarem ativamente nas conspirações tramadas pelo seu então comandante e chefe, acordaram.

Desgastados pela publicização das mordomias que desfrutaram no poder, como o consumo franqueado de uísques importados, camarões, picanhas premium, remédios para disfunção erétil, próteses penianas e hospedagens em hotéis luxuosos, é hora de voltar para a caserna. A hora é de recolher o que sobrou do prestígio que gozavam, antes de integrarem a composição e direção de um governo fascista, de base miliciana, e torcer para não serem expostos pelas investigações da Polícia Federal e da CPMI do 8 de janeiro.

Como a reedição de um filme já visto, os expurgos do bolsonarismo se acumulam. Alguns colegas de farda ficaram pelo caminho, como o ajudante de ordens Mauro Cid, que pelo conjunto dos crimes que participou, dificilmente escapará de uma condenação na Justiça. O pai de Cid, o general Mauro Lourena Cid, também se enlaçou perigosamente na teia de Bolsonaro. O dinheiro da venda de uma das joias presenteadas ao governo do Brasil pelo rei da Arábia Saudita, estava na conta dele, em um banco nos Estados Unidos. O general Lourena era colega de Bolsonaro na época em que os dois estavam na Academia Militar das Agulhas Negras. Ambos, pai e filho, sacrificaram a premiada carreira militar e hoje respondem a inquéritos policiais, sendo que um deles, Mauro Cid, está preso desde 3 de maio.

Foi o pai de Lourena, também general, quem salvou Bolsonaro de uma possível punição, por ter xingado um oficial médico. Essa amizade entre os dois abriu as portas do Palácio do Planalto para Mauro Cid, cuja fidelidade canina ao então Presidente, é hoje razão da angústia do pai, o general Mauro Lourena Cid. Revoltado com a prisão do filho, o general Lourena não quer ouvir falar de Bolsonaro.

Nessa condição de decepção e frustração com Bolsonaro, o general não está sozinho. Vários colegas de farda, que eram servis ao ex-presidente, hoje certamente sequer lhe prestariam continência. Outro maculado pelo “toque de Midas invertido” de Bolsonaro é o ex-ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, com quem o hacker Walter Delgatti Neto disse ter se reunido, a mando de Bolsonaro, no Palácio do Planalto, dias antes das eleições de 2022.

Na sexta-feira, 25, se comemora o Dia do Soldado. Na efeméride, a provável ausência de Bolsonaro será sentida por muitos militares que comungam da mesma ideologia do ex-presidente. Em que pese as conhecidas afinidades, esses militares de alma bolsonarista também sabem que o ex-presidente, depois das notícias e provas de crimes que se sucedem dia sim e dia também, além de inconveniente, tem o efeito de contaminar ainda mais as forças armadas, já tão expostas ao escárnio e ao escrutínio do povo brasileiro. O afastamento é medida de sobrevivência.

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