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Milagres do paps

Minha irmã, evangélica, devota de São José e apaixonada por Francisco

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Autor/Imagem:
@donairene13 - Foto de Arquivo

Minha irmã me pediu para escrever algo sobre o Papa Francisco.

Seria um pedido comum, se ela não fosse… evangélica pentecostal.

Uma evangélica devota de São José e apaixonada por Francisco. É ou não é uma personagem cheia de contradições?

Mas se tem algo que a vida me ensinou é que a coerência absoluta costuma ser uma forma de desumanidade. Minha irmã, com todas as suas incoerências, é feita da mesma matéria instável que molda a todos nós.

E é justamente por amá-la com suas contradições, que estou aqui, tentando escrever.

Confesso: tive dificuldade de começar.

Tudo sobre o Papa Francisco já foi dito, e de maneiras muito mais bonitas do que eu seria capaz de fazer. Todas as homenagens já foram feitas, cada uma destacando sua humanidade, sua coragem, sua fé e seus gestos simples. O que mais eu poderia acrescentar?

Ainda assim, escrevo.

Escrevo porque Francisco mereceria, se possível, ainda mais palavras bonitas. E porque minha irmã merece o gesto.

Francisco foi, acima de tudo, um homem que entendeu a essência do Evangelho. Cuidou dos pobres, abraçou homossexuais, acolheu presos, refugiados, vítimas de guerras, não fechou os olhos para o genocídio em Gaza. Cuidou dos que a sociedade geralmente rejeita.

Seu papado foi marcado por pequenos milagres de compaixão: um olhar atento, um abraço apertado, uma mão estendida. Cada palavra carregada de empatia era como se ele estivesse dizendo “Você é importante, você é especial, há um lugar pra você na igreja”.

Talvez seja por isso que minha irmã, entre a força de sua fé evangélica e o carinho que sente pelos santos católicos, tenha identificado em Francisco um ponto de encontro. Alguém que não a julga por suas aparentes contradições.

Se Francisco ainda estivesse entre nós, se pudesse ouvir esse pedido cheio de amor que ela me fez, tenho certeza que a abraçaria sem perguntar qual igreja ela frequenta.

Sem cobrar explicações para suas devoções misturadas.

Apenas a abraçaria com a sabedoria dos santos de carne e osso, pois sabia que no fundo todos nós somos feitos de imperfeição e é aí que se encontra o que temos de mais belo.

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