Notibras

‘Minha vida é viajar por esse País e ver o leitor feliz’

Três passos é pouco para uma mulher que faz da estrada (e do Céu azul) seu divã. Não há terapia melhor do que colocar no papel o que a gente vê, ouve e sente o aroma nessas viagens. É assim que pensa a escritora Tania Moschini, uma gaúcha que trocou o Rio Grande do Sul por Mato Grosso, onde formou-se em Letras, lecionou até aposentar-se e que tem na literatura seu hobby.

Nesta entrevista concedida a Notibras, Tania fala sobre seu primeiro livro de crônicas e revela que no próximo ano saiu mais um, por ora esquentando no forno. Veja a seguir os principais trechos da nossa conversa:

Fale um pouco sobre você, seu nome (se quiser, pode falar apenas o artístico), onde nasceu, onde mora, sobre sua trajetória como escritor.

Meu nome é Tania Moschini. Sou natural de Três Passos/RS, formada em Letras pela Universidade Federal de Mato Grosso, com habilitação em Língua Portuguesa e Francesa e professora aposentada da rede estadual de ensino. Depois que me aposentei, passei a trabalhar como revisora de textos, gostwriter, produzi o curso on-line “Português para alavancar sua carreira” e escrevi meu primeiro livro de crônicas “E agora, pra onde?”, do qual tenho muito orgulho. Atualmente, estou em fase de produção do meu segundo livro, também de crônicas, que será publicado no primeiro semestre de 2025.

Como a escrita surgiu na sua vida?

Desde cedo o gosto pela leitura e pela escrita falou muito alto em mim. Com o passar do tempo, a prática da leitura foi-se aprimorando, tanto na quantidade quanto na qualidade dos livros lidos. Da mesma forma, a escrita foi tomando um espaço cada vez maior na minha rotina, por meio de registros de acontecimentos do cotidiano, às vezes até corriqueiros, mas que, na minha cabeça, mais cedo ou mais tarde, poderiam dar boas histórias.

De onde vem a inspiração para a construção dos seus textos?

Nas histórias que acontecem durante as viagens que fiz e faço com frequência, além dos acontecimentos reais e interessantes que vivencio ou dos quais tomo conhecimento no dia a dia das pessoas.

Como a sua formação ou sua história de vida interferem no seu processo de escrita?

Creio que minha curiosidade, minha vontade de conhecer mundos e estilos de vida diferentes – que se manifestaram em mim desde cedo – tornaram-se o combustível e matéria-prima para que eu dê vazão ao que entendo ser a minha vocação: contar histórias por meio da escrita.

Quais são os seus livros favoritos?

Atualmente, tenho lido muitos livros de temáticas atuais, mas gosto bastante de ler romances históricos, que nos apresentam épocas, lugares e acontecimentos muito distantes de nós de forma leve e mais descontraída. Adorei “O velho e o Mar”, de Ernest Hemingway, e “A morte de Ivan Ilitch”, de Tolstói. Na literatura nacional, cito a série literária “O tempo e o Vento”, de Érico Veríssimo e, mais recentemente, “Tudo é Rio”, de Carla Madeira, que devorei em dois dias.

Quais são seus autores favoritos?

Gosto de Ernest Hemingway, Annie Ernaux (com seus livros curtos e escrita cortante e reflexiva), Érico Veríssimo, e minha referência e inspiração na arte de escrever crônicas, Martha Medeiros.

O que é mais importante no seu processo de escrita? A inspiração ou a concentração? Precisa esperar pela inspiração chegar ou a escrita é um hábito constante?

Para mim a inspiração é mais importante, pois, a partir do momento em que ela aparece, as palavras surgem junto, a escrita flui, sem esforço, não importa onde eu esteja.

Qual é o tema mais presente nos seus escritos? E por que você escolheu esse assunto?

Minhas viagens. Penso que escolho esse tema porque une meus dois grandes prazeres: escrever e viajar. Então me sinto totalmente à vontade.

Para você, qual é o objetivo da literatura?

Levar o leitor para longe, para lugares, experiências ou situações que, sem ela, não alcançaria. Em suma: tornar qualquer vida mais rica e interessante.

Você está trabalhando em algum projeto neste momento?

Sim, estou quase concluindo meu segundo livro de crônicas, baseado em histórias vividas por protagonistas dos mais variados perfis e estilos de vida, nos quais eu me incluo.

Quais livros formaram quem você é hoje? O José Seabra sempre cita Camilo Castelo Branco como seu escritor predileto, o Daniel Marchi tem fascinação pelo Augusto Frederico Schmidt, e o Eduardo Martínez aponta Machado de Assis como a sua maior referência literária. Você também deve ter as suas preferências. Quem são? E há algum ou alguns escritores e poetas contemporâneos que você queira citar?

Posso citar, em primeiríssimo lugar, Martha Medeiros. Foi com a leitura de suas crônicas que percebi que minhas histórias também poderiam caber no mundo da literatura e, quem sabe, agradar alguns leitores. Luís Fernando Veríssimo também serviu de referência para mim, com suas histórias engraçadas, contadas com competência e sagacidade. E, por último, cito Elena Ferrante, com sua escrita acessível e comovente para contar histórias de vida, e que está servindo de inspiração para, talvez, minha inserção no gênero romance.

Como é ser escritor hoje em dia?

É praticar a paciência e a perseverança. Entender que, tanto quanto escrever bem, é preciso saber vender o seu produto. É unir duas competências praticamente – pelo menos para mim – antagônicas: a de escritor e a de empreendedor. Sem isso, nada acontece, infelizmente.

Qual a sua avalição sobre o Café Literário, a nova editoria do Notibras?

Uma iniciativa louvável, importantíssima neste universo ainda limitado da literatura, sobretudo pela generosidade de proporcionar aos escritores iniciantes o espaço e a visibilidade de que precisam para mostrar suas obras.

Tem alguma coisa que eu não perguntei e você gostaria de falar?

Para mim, muito, mas muito mais importante do que viver de escrever livros é sentir reconhecimento da parte do leitor. É sentir que a minha obra produziu algum efeito nele, por menor que seja. Isso já é suficiente. E se alguém quiser conhecer um pouco mais do meu trabalho, ou adquirir o meu livro, é só acessar @taniamoschini.

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