A história de hoje aconteceu na cidade de São Paulo durante a pandemia da covid-19, cuja população é muito maior que a de muitos países. Sampa, apesar da enorme multiplicidade de culturas, não é propriamente o local mais lindo do mundo. Seja como for, a minha filha, que à época era a mais nova, mas hoje é a do meio, que cursa biotecnologia na USP, foi morar nessa metrópole. E, para auxiliá-la nessa mudança, a minha filha mais velha foi ajudar a irmã.
E lá estavam as duas no Uber, quando o motorista puxou conversa. Ele perguntou se as duas haviam chegado recentemente a São Paulo. A minha filha mais velha respondeu que sim, quando o motorista logo notou o sotaque característico do Rio. A partir daí, ele começou a enaltecer São Paulo, dizendo isso e aquilo, que era o melhor lugar do mundo, o mais lindo do planeta. As minhas filhas se entreolharam espantadas, mas, como são muito educadas, apenas sorriram.
– Pois é, São Paulo é muito melhor que o Rio. Os cariocas não trabalham, vivem apenas para o carnaval.
– Você já foi ao Rio?, perguntou a mais velha.
– Nunca! São Paulo tem tudo! Aqui tem tudo e tudo aqui é melhor! O Rio é até bonitinho, mas acho que aquelas coisas que aparecem na televisão é tudo montagem. Deve ser um cenário que os jornais fazem para que o Rio pareça ser bonito.
As minhas filhas continuavam a se entreolhar e rir, quando o motorista estacionou o veículo no destino, justamente o campus do USP Leste, onde fica o curso de biotecnologia. A minha filha, então caçula, quase muda, apenas acenou com a cabeça em agradecimento.
No entanto, a maior, contestadora como ela só, quis saber o time do tal motorista. Ele, com um sorriso mais largo que a própria cara, respondeu:
– O maior de todos: Flamengo!