Os 39 ministros de agora em breve serão 29, quiçá 25, ou 20, a depender do sabedoria de Dilma Rousseff de espalhar as peças em seu tabuleiro de xadrez, ter personalidade e autoridade para se impor à verdadeira máfia dos partidos que lhe cobram caro a fidelidade, e saber instrumentar sua caneta.
Uma reforma ministerial é uma reforma ministerial. Sempre há dramas. Resistências. Chantagem.
A volta do guerreiro para casa é uma humilhação. Parentes e amigos olham para ele como um derrotado. Expulso do paraíso. Tangido do poder. Passa a ser leproso.
Os que ficam e escapam da degola por sua vez são os heróis da hora. Para o vulgo, são os que continuarão mamando nas tetas do governo. Sortudos.
Ministro hoje não é nada, mas vale o aparato, a fama, a proximidade com a estrutura de mando, o sentimento de uma elite.
Numa sociedade de pedintes dos favores do Estado, o ministro é o sacerdote maior de uma liturgia em decadência. No entanto, o cargo de ministro de Estado fascina. É título para usar no resto da vida, povoar os currículos e adjetivar as biografias.
No Wilkepedia de cada um o cargo de ministro – ou mesmo ex-ministro – é o cume de uma montanha alcançado. Um Everest do ego. É uma façanha para se jogar na cara dos adversários, para que eles morram de paixão. (Paixão na acepção mineira, o que significa despeito. Em todo peito há uma paixão escondida…).
Antes, nas décadas passadas, uma figura pública vir a ser ministro de Estado era uma glória anunciada. Tinha direito a honras militares – corneta com o toque de autoridade, tapete vermelho e guarda formada – quando desembarcava em alguma capital, a bordo do possante HS da FAB.
Ser ministro era uma honra para poucos, não como hoje, um torneio de leiloeiros de uma massa falida.
Leonardo Mota Neto