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Missão de Joaquim Levy mal começou; ele ainda tem muito a realizar, avalia Dilma

A presidente Dilma Rousseff embarcou ontem para participar da reunião de cúpula do G-20, na Turquia, neste fim de semana, convicta de que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, ainda “tem missões a cumprir” no governo, segundo interlocutores. A presença do ministro na comitiva ministerial ajuda a acalmar um pouco as inúmeras pressões contra o titular da equipe econômica, que partem especialmente do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Embora entenda que, em algum momento, terá de trocar Levy, Dilma avalia que a mudança não deve ser para agora. Por isso, resiste e reafirmou sua disposição em ainda mantê-lo, em conversas com interlocutores ontem, horas antes de viajar para a cidade turca de Antália.

A presidente decidiu antecipar seu embarque para a viagem à Turquia, inicialmente marcado para às 18h, e decolou pouco antes das 15h. Levy e o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, não viajaram com Dilma no avião presidencial, mas se incorporam à comitiva na Turquia, assim como Mauro Vieira, das Relações Exteriores. A chegada a Antália está prevista para às 9h30 de hoje.

Pressão – A presidente, segundo interlocutores, não reage bem a pressões, principalmente quando estão no auge, como agora. Mas sabe que acabará tendo que ceder ao cerco contra Levy para dar lugar a um novo ânimo no cenário econômico. No Planalto, fala-se em dar sinais de “uma luz no fim do túnel” em 2016. Mas neste momento, Dilma apenas tem ouvido todas as queixas e as “digerindo”, segundo um auxiliar.

A sucessão de boatos sobre uma demissão de Levy tem incomodado a presidente. Mas, ao mesmo tempo, Levy fez chegar ao Planalto que quer ficar no cargo e que concorda com Dilma sobre as “missões a cumprir”. Só que, avalia-se, a insistência dos rumores fragiliza o ministro e desgasta a presidente, que se sente ainda mais sob pressão e se vê obrigada a ouvir as repetidas investidas de Lula – ele não esconde sua preferência pelo ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles e tem estimulado seu antigo auxiliar a operar sua volta ao governo.

Na quinta-feira, Levy teve uma vitória nas suas batalhas no Congresso, quando a Comissão Mista de Orçamento aceitou recuar da decisão de autorizar a União a abater R$ 20 bilhões da sua meta fiscal de 2016 de investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

O movimento foi visto como um “crédito” a Levy, que precisa ainda aprovar outras medidas da segunda etapa do ajuste fiscal – da repatriação de recursos mantidos por brasileiros no exterior, que precisa ainda do aval do Senado, até a Desvinculação das Receitas da União (DRU), instrumento que liberaria mais verbas ao governo para uso sem restrições. Em jogo, estão ainda o Orçamento de 2016 e as discussões sobre a nova CPMF.

Auxiliares da presidente reconhecem que quem assumir o ministério terá de dar seguimento à agenda de arrocho de Levy e que não vai conseguir, num “passe de mágica”, reverter o cenário negativo que toma conta do País. Mas estes mesmos auxiliares entendem que trocar Levy por Meirelles não seria trocar seis por meia dúzia, mas sim, seis por sete. O raciocínio é que Meirelles tem mais disposição política para lidar com a economia. “É preciso que se apresente um discurso mais otimista, mesmo em momento de dificuldade”, diz um assessor palaciano.

Interlocutores de Dilma contam que mesmo depois de ter conseguido reverter uma derrota no caso do Orçamento no Senado, o ministro ainda continuou reclamando. “Isso dificulta seu diálogo com o Congresso”, comentou este auxiliar.

Os raríssimos otimistas que apostam em uma permanência maior de Levy acreditam que, com a aprovação destas medidas, e o encaminhamento das medidas no Congresso, a economia começará a dar sinais de recuperação, ainda que tímidos.

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