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Mísseis antitanques acirram crise entre Washington e Moscou

Foto/Divulgação

Autoridades norte-americanas disseram na sexta-feira que o governo do presidente Donald Trump aprovou um plano para fornecimento de armas letais para a Ucrânia, uma medida que vai aprofundar o envolvimento dos Estados Unidos no conflito militar entre ucranianos e separatistas e pode abalar ainda mais a relação com a Rússia. O armamento inclui mísseis antitanque Javelin, de fabricação americana, que os ucranianos desejavam há muito tempo para ampliar suas defesas contra os tanques dos separatistas apoiados pela Rússia.

A violência no leste da Ucrânia já deixou mais de 10 mil mortos desde 2014. Anteriormente, o envolvimento norte-americano se limitava ao fornecimento de equipamentos e treinamento para os ucranianos. O governo dos EUA também autorizava empresas privadas a vender pequenas armas como rifles.

A decisão do governo americano deve se tornar outro ponto sensível nas relações entre Washington e Moscou. A Ucrânia acusa a Rússia de enviar tanques às áreas de conflito, e os EUA dizem que Moscou está armando e treinando separatistas e combatendo ao seu lado. Trump vinha considerando o plano há algum tempo, após o Departamento de Estado e o Pentágono terem dado seu aval. O ex-presidente Barack Obama também tinha cogitado o envio de armas letais para a Ucrânia.

O Departamento de Estado, responsável pela supervisão de vendas militares externas, não confirmou a informação. Em comunicado na sexta-feira, a porta-voz do departamento, Heather Nauert, disse que os EUA decidiram fornecer “melhores capacidades defensivas” para ajudar a Ucrânia a defender sua soberania e “deter novas agressões”. “A assistência dos EUA é de natureza defensiva, e como sempre dissemos, a Ucrânia é um país soberano e tem o direito de se defender.”

O vice-ministro de Relações Exteriores da Rússia, Grigory Karasin, disse que a decisão vai agravar o conflito no leste da Ucrânia. Em declaração à agência estatal de notícias RIA Novosti, Karasin disse que o envio de armas pelos EUA pode atrapalhar a busca de uma resolução pacífica na Ucrânia.

Um acordo de paz intermediado por França e Alemanha em 2015 ajudou a reduzir a escala do conflito, mas a violência não cessou completamente. Além disso, um acordo político ainda não foi implementado.

A chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente francês, Emmanuel Macron, emitiram comunicado conjunto neste sábado pedindo que os dois lados do conflito cumpram os compromissos assumidos no acordo, que incluem a retirada de armamentos pesados como tanques e lança-foguetes das linhas de frente e uma troca de prisioneiros.

Nos últimos dias, o secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson, advertiu que a violência na região aumentou cerca de 60% este ano. Em declaração feita na Europa este mês, Tillerson disse que o envolvimento da Rússia é o maior ponto de tensão entre os dois ex-rivais da Guerra Fria. “É o maior obstáculo para a normalização das relações com a Rússia, algo que gostaríamos muito que acontecesse”, disse.

Também se discute o envio de tropas de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) para o leste da Ucrânia, para melhorar as condições de segurança para ucranianos e também para monitores da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa. O presidente russo, Vladimir Putin, propôs o envio das tropas de paz, mas há grandes divergências entre a Rússia e outros países sobre como e onde esses soldados operariam.

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