A morte do petista
Mitos de carne e osso garantem hospedagem de 20 anos em penitenciária
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Era uma festa. Balões vermelhos, um bolo decorado e um aniversariante feliz. Marcelo comemorava meio século de vida, rodeado por amigos, família e, claro, com tons políticos. Porque no Brasil, desde que alguém descobriu que torcer para um partido é mais emocionante do que para um time de futebol, as festas têm cores, símbolos e até mascotes ideológicos. O personagem da noite? Lula. Sim, aquele que metade do país ama e metade odeia, mas que, goste-se ou não, é um personagem de carne e osso, mortal como qualquer um de nós.
O que ninguém esperava era que a política, essa entidade abstrata que virou religião, invadisse a festa com violência. Jorge Guaranho, policial penal e devoto de outro mito, chegou armado com sua própria liturgia: o ódio. E, como toda tragédia anunciada, os minutos seguintes transformaram um salão de festas em um tribunal improvisado onde a sentença foi dada com tiros. Marcelo, o aniversariante, caiu morto. Jorge, o justiceiro autoproclamado, seguiu o destino de todos que confundem bandeira com identidade: se tornou um réu condenado.
Hoje, o mito de Jorge Guaranho se desfez em 20 anos de prisão. E a pergunta que nunca cala: por quê? O que leva um homem a trocar a liberdade por uma guerra ideológica que nunca termina? Não há vencedores. Só cadáveres e celas ocupadas.
Na Grécia Antiga, os mitos eram Deuses imortais, vivendo no Olimpo, intocáveis. No Brasil, os mitos são de carne e osso, e seus seguidores esquecem de um detalhe cruel – que carne e osso sangram, matam e morrem. De Foz do Iguaçu, onde saiu a condenação nesta quinta, 13 – logo o 13 do PT -, enquanto um lado chora o morto e o outro resmunga sobre a condenação, o país segue. Segue brigando, segue elegendo novos mitos. E segue esquecendo que, no fim, só o Olimpo é eterno.
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Marta Nobre é Editora Executiva de Notibras