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Mitos e verdades sobre melatonina, o hormônio do sono

Pedro Prata

A melatonina é um hormônio produzido de forma natural pelo corpo e que influencia de forma fundamental o funcionamento do nosso metabolismo. Por isso, acredita-se que o seu consumo na forma sintética pode funcionar como tratamento a problemas de saúde das mais variadas origens. Contudo, especialista afirma que é preciso ter cautela quanto à euforia em relação ao seu consumo.

Esse hormônio ganhou a fama de “curinga”, isto é, de solução para muitas disfunções do corpo, porque está muito relacionado aos ritmos circadianos, que são o nosso relógio biológico. Esses ciclos de aproximadamente 24 horas regulam nossas atividades metabólicas: sono, fome, humor, produção de demais hormônios, entre outras.

A melatonina só é produzida no período noturno e influencia o nosso ritmo de sono-vigília, que tem uma interferência direta no funcionamento do nosso metabolismo. Por isso, quando algo não vai bem, é possível crer que melatonina sintética, em forma de suplemento alimentar, possa regular o nosso corpo. Então ela é recomendada como a solução de quase tudo: enxaquecas, obesidade, doenças cardiovasculares, para ganhar massa muscular e até mesmo para combater certos tumores.

A endocrinologista Suemi Marui explica que “alterações do sono como, por exemplo, insônia e sonolência, levam a diversas modificações hormonais, metabólicas, neurológicas e psicológicas”. Contudo, a médica afirma que não há comprovações científicas dos benefícios de se tomar melatonina sintética para essas alterações.

A médica ressalta, ainda, que a melatonina sintética é vendida na maioria dos países como suplemento alimentar e é preciso se atentar aos aditivos presentes em sua fórmula. No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) liberou, em 2016, o hormônio na forma de medicamento manipulado e sob prescrição médica.

O hormônio é indicado para pacientes que sofrem de insônia, pois ajuda o corpo a ajustar o relógio biológico ao dia e à noite. Em outras palavras, regula o sono durante a noite e a disposição durante o dia. Além disso, também é indicado para aqueles que fazem muitas viagens internacionais, pois trabalha na adaptação do organismo ao fuso horário local.

No entanto, Suemi reafirma que não há comprovação científica dessa substância para outros problemas de saúde como, por exemplo, regular o humor ou tratar tumores. Ela destaca que os efeitos colaterais mais comumente observados por aqueles que tomam melatonina de forma equivocada são “dor de cabeça, confusão mental, tontura e náuseas”.

Para ter uma boa produção de melatonina naturalmente, é preciso respeitar o seu padrão de sono-vigília. Como a médica explicou, cada pessoa precisa dormir menos ou mais horas de sono. Segundo ela, “o sono deve ser reparador, significando não acordar cansado. Por isso, doenças que causam alterações no sono como, por exemplo, problemas da tireoide, apneia do sono e depressão devem ser investigados e não tratadas com melatonina, que pode atrasar o diagnóstico”.

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