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Filosofia de camelô

Moço provoca, sangra, berra e morrerá pela boca

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Autor/Imagem:
Arimathéia Martins - Foto de Arquivo

Para o bem-estar da massa menos ordinária, mais correta e, acima de tudo, brasileira, a mesma praça em que malucos beleza tocam bumbo para doido dançar também pode ser usada por aqueles que não precisam de esforço algum para se mostrar normais e capazes de viver conforme os preceitos de Deus e da lei. São cidadãos decentes e lúcidos que, sem controle da maluquez alheia, são obrigados a ouvir sandices de alguém que fala, fala, mas sangra publicamente à espera de um milagre alexandrino que ele sabe não virá. Como na música Cor de Rosa Choque, ele sangra mês a mês, provoca inocuamente, mas não se cala. É mais munição para o roteiro final de Xandão.

Enquanto o sujeito padece e sangra como uma ovelha no matadouro, eu do meu lado faço uma rápida digressão para lembrar tempos áureos da política nacional. Entre os vários presidentes que o Brasil elegeu após a redemocratização, Fernando Henrique Cardoso lidera com folga a lista dos melhores presidentes. O Plano Real fala por si. FHC era culto, educado, poliglota, líder e estadista. Embora não tenha o mesmo nível cultural, Luiz Inácio não fica atrás. Em sua terceira reencarnação, Lula é escolado pela vida. Tanto que já mereceu de mandatários pesados e plenipotenciários títulos de relevância inquestionável. Por exemplo, para o norte-americano Barak Obama, o atual presidente brasileiro “é o cara”.

Para desassossego e ira dos negociadores do caos, até Dilma Rousseff se destacou como presidenta, apesar do impeachment comprado a peso de ouro pelo “charmosão” Michel Temer, apelidado, irônica e autoexplicativamente, de “mordomo de filme de terror” pelo falecido senador Antônio Carlos Magalhães. Independentemente das circunstâncias, até agora FHC, Lula e Dilma foram os únicos a merecerem dos eleitores brasileiros um segundo mandato. José Sarney, Fernando Collor e o próprio Temer passaram pelo Planalto e não deixaram saudades. E ele? Apesar do extremismo à direita, foi um zero à esquerda.

O fracasso político colou como superbonder no moço que se autodenominava salvador da pátria. Ele não disse qual, mas bastaram quatro anos para que o povo descobrisse que ele era a própria pátria amada. Ou armada? Adepto da filosofia de camelô, se lançou como insurgente da esquerda e, portanto, capacitado para futura canonização à direita. Com o ridículo sentimentalismo dos hereges, cunhou o bordão “Deus, Pátria e Família”, com o qual continua engambelando incautos dos quatro cantos do país, particularmente os mentirosos que dormem fugindo da verdade e acordam se escondendo do que é sério.

Como se fosse mudar o que está feito e talvez se imaginando de volta à ribalta, o dito cujo tem percorrido o Brasil em busca da salvação. Nas últimas aparições, se aboletou em um caixote de banha na Praça Saens Peña, na Zona Norte carioca e no bairro de Campo Grande, na Zona Oeste, onde, pela enésima vez, sugeriu falsamente que o presidente Luiz Inácio “se reuniu com traficantes” do Rio de Janeiro durante a campanha de 2022. Faz algum tempo o noticiário mostra que os fora da lei normalmente batem em portas com ideais reconhecidamente pouco ou nada republicanos. Como se fosse um potencial candidato, o cidadão não poupa narcisas adjetivações pessoais.

Ele também não esquece das críticas sem provas aos “perseguidores” dos probos e íntegros filhos financiados pelos milagres de Santa Cloroquina e do deputado federal Alexandre Ramagem (PL), esse sim suposto postulante à Prefeitura do Rio com aval do mito. Não lhe falta graxa para untar a cara de pau do tipo deus (com d minúsculo) de uma tribo de bárbaros fanáticos pelo poder. Todavia, está na boca do Brasil que ele jamais conseguirá falar para os que fogem da balada de um louco. E zé fini! Do alto de minha loucura napoleônica, sinto que a candidatura do circuito mitológico fez água. Diria que ela está mais por fora do que água de coco. Antes que o corretor do computador me alerte, o coco é oco, é meu e eu ponho a água onde bem entender.

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