Tática ultrapassada, mas muito comum àqueles que só pensam em se dar bem, que trabalham para minar resistências alheias, pisam em quem estiver no caminho e acham que as leis não valem para eles, a covardia ainda é o manto preferido para os que não se assumem como desprovido de caráter. Esses tipos normalmente escondem a falta de coragem, de brio e de moral sob a esfarrapada capa da perseguição. Foi o que fez o ex-presidente do fim do mundo e o manager de um grupo empresarial que sistematicamente atua como sanguessuga dos países nos quais se instala.
Dono da rede social X, antigo Twitter, Elon Musk não encontrou no Brasil o que deve experimentar em algumas das republiquetas em que se instala. Ele deve ter sido informado pelo amigo ex-presidente que o Brasil é similar à Casa da Mãe Joana. Não é. Percebendo que aqui o buraco é mais embaixo, optou pela alegação de que o ministro do STF Alexandre de Moraes o persegue e censura o X e decidiu fechar o escritório brasileiro da plataforma. É verdade que Moraes ameaçou de prisão a representante legal da empresa no país e determinou multa diária de R$ 200 mil em caso de novos descumprimentos de decisão.
Os viúvos brasileiros de Musk não contam que os pedidos para que a rede social cumprisse as normas estabelecidas em lei foram muitos. Eis o X da questão. Não cumpriu e dançou. Musk fechou o X porque Alexandre de Moraes, com apoio de quase todos os integrantes do Supremo, não permitiu que ele transformasse a empresa em uma plataforma de patifarias e em um bunker de disseminadores de fake news e de conteúdos antidemocráticos, incluindo discursos de ódio. Protetor dos chantagistas, o empresário tentou fazer do Brasil a extensão de suas mambembes residência e empresa.
Preocupado apenas em torpedear a democracia por onde passa, no Brasil Muks se associou ao que de pior existe na sociedade e na política. É esse o motivo pelo qual ele carrega no colo, além do senador do mal Marcos do Val (Podemos-ES) e dos blogueiros bolsonaristas e covardes Allan dos Santos e Oswaldo Eustáquio, o ex-presidente autodenominado de mito, seus familiares e demais bajuladores. O anúncio de arrego do empresário é a prova de que ele, seu grupo e os companheiros de má fé não estão acostumados a regras, tampouco a limites. A única exigência de Alexandre de Moraes era para Elon Musk seguir as leis do país. Nada mais do que isso.
Recorrente à prática de não acatar ordens judiciais, o bilionário canadense é a cópia fiel de seu mal-acabado discípulo brasileiro. Quem não se lembra de que ele (o discípulo) também alegou perseguição após voltar dos Estados Unidos, para onde fugiu depois de usar um bando de supostos “patriotas” para tentar golpear a democracia. Obviamente que, válida somente para os tapados política e democraticamente, a argumentação de ambos é muito mais do que primária. É pífia. Como fez durante meses o tal ex-presidente, a representante de Musk ignorou numerosas intimações e literalmente cagou para ordens judiciais. Por isso, perdeu a boquinha e o emprego.
Portanto, se é para o bem de todos e para felicidade geral da nação, que vá para a ponte que partiu. A pedido de todos os que prezam pela ordem e pelas normas cidadãs, que vá e não volte nunca mais. Como adora atirar no próprio pé, provavelmente Musk mostrará as canjicas na manifestação contra Alexandre de Moraes, marcada para o próximo dia 7 de setembro. Ele pode vir ao encontro dos que, como o pastor Silas Malafaia e seu chefe sem mandato, desejam o impeachment do ministro. Pobres coitados. Sabem que vão enxugar gelo, mas querem tumultuar. É por essas e outras que, em se tratando de comparar Luiz Inácio com o outro, minha tese é única e imutável: Lula é bronco, velho, ladrão, amigo e parceiro de Maduro, mas é um democrata. Acima de tudo um brasileiro.
*Mathuzalém Júnior é jornalista profissional desde 1978