Felipe Meirelles, Edição
“Segura no pincel, que nós vamos puxar a escada”. Esse o aviso que parlamentares da oposição mandaram ao Palácio do Buriti nesta quarta, 27, após a notícia de que a secretária de Segurança e Paz Social Márcia Alencar, tem à disposição carro oficial com escolta para levar seus filhos para a escola.
Há cerca de 15 dias, segundo as denúncias que circulam na cidade, PMs designados pela corporação dirigem os carros que levam e buscam os filhos de Márcia para o colégio.
O custo da medida não foi informado. O chefe da Casa Militar, coronel Cláudio Ribas, afirmou que o uso da escolta foi autorizado após um estudo solicitado pela própria secretária, que também é responsável pelo sistema penitenciário do DF desde fevereiro.
“A secretária fez uma consulta para que a gente avaliasse a situação dela e dos filhos, principalmente. O decreto fala em ‘autoridades designadas’, não diz que isso vale só para governador e vice. Depois de ela ter assumido o presídio, a gente entendeu que ela corria risco e não teria essa tranquilidade para trabalhar”, afirmou Ribas.
Presente a uma homenagem a policiais militares promovidos, Márcia não quis comentar o caso, revelado pelo site “Metrópoles”, e disse apenas que o questionamento da medida se devia a “questões de gênero”. O chefe da Casa Militar afirmou que o fato de ela ser a primeira secretária mulher a assumir a pasta pesou a favor da decisão.
“Ela não é policial, civil ou militar. Não tem essa capacidade de reação que nós temos. A gente percebeu a necessidade, sim, porque os filhos poderiam correr risco de alguma represália por iniciativas que ela tome, seja em relação ao sistema prisional ou ao nosso dia a dia”, diz.
O governador Rodrigo Rollemberg reforçou a mesma tese em conversa com jornalistas, minutos depois. “É absolutamente razoável que uma secretária de Segurança Pública mulher, civil, que dirige o sistema prisional tenha algum tipo de segurança para seus familiares, especialmente os menores de idade”, declarou.
O coronel Ribas afirma que, até esta quarta, nenhuma ameaça tinha sido identificada de fato. A medida, segundo ele, é preventiva. “A gente não pode esperar que um fato ocorra, mas ocorre em todos os lugares do mundo. É normal que as autoridades, dependendo do posto, se houver uma postura mais incisiva em relação à criminalidade, recebam esse tipo de ameaça”, diz.
Com o parecer favorável da Casa Militar, ficou a cargo da própria Secretaria de Segurança Pública montar o esquema de escoltas. Atualmente, o próprio PM responsável pela segurança também dirige o veículo descaracterizado, e precisa estar atento ao trânsito e a possíveis retaliações ao mesmo tempo. Ribas diz que a decisão é recente e, por isso, o esquema ainda pode ser avaliado.