Pioneiro do jornalismo em Brasília – onde chegou antes da inauguração da cidade -, morreu em sua residência, nesta terça, 31, o jornalista Ari Cunha. Ele tinha 91 anos e era vice-presidente do Correio Braziliense. A causa da morte foi falência múltipla dos órgãos. O velório e o sepultamento serão na quarta, 1, no Cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul.
Ari Cunha acompanhou a rotina e lutou por uma capital melhor ao longo de 58 anos na coluna Visto, Lido e Ouvido, primeiramente no jornal impresso e depois em um blog na internet. É provavelmente a coluna mais longeva da imprensa brasileira. Ao longo dos anos, o instrumento serviu para defender, provocar e inspirar moradores e governantes da capital brasileira.
Filho de Eva e Raimundo Gomes de Pontes Cunha, José de Arimathéa Gomes Cunha nasceu em 22 de julho de 1927, na cidade cearense de Mondubim. Ele descobriu ainda criança a habilidade para a escrita e a para a notícia. Aos 16 anos, em 1944, foi contratado como revisor da Gazeta de Notícias, de Fortaleza, e, depois, trabalhou no jornal Estado.
A bordo de um navio, deixou a Região Nordeste em 1948 em direção ao Rio de Janeiro, onde começou carreira no Bureau Interestadual de Imprensa e no International News Service. Por muito tempo, escreveu a crônica política para vários jornais representados pelo escritório. Trabalhou com Carlos Lacerda, Joel Silveira, Heráclito Sales, Paula Job, Prudente de Moraes Neto, Etiene Arregui Filho, Irineu Sousa e outros destacados jornalistas da época.
A experiência na cobertura também valeu a convivência com políticos de peso, como João Mangabeira, Luiz Viana Filho, Café Filho, José Bonifácio de Andrada, Bias Fortes, Israel Pinheiro, Juscelino Kubitschek. Contratado pela New Press, chefiou a redação em São Paulo durante 10 anos, antes de se transferir para o Última Hora, ao lado de Josimar Moreira de Melo, Samuel Wainer e Geraldo Seabra, onde desenvolveu o conhecimento da parte técnica de jornais. Em julho de 1959, passou a fazer parte dos Diários Associados.