Já escrevi uma história que aconteceu comigo nos meus longínquos tempos de estudante de medicina veterinária lá na Rural (UFRRJ), quando fui até Piraí/RJ na fazenda da mãe do meu amigo Almeidinha para retirar o chifre (na verdade, todos os bovídeos possuem cornos) quebrado de uma vaca, e ela acabou ficando com apenas um. Pois bem, recentemente, passeando pelo Mercado Público aqui em Porto Alegre, parece que acabei encontrando a dita cuja, ou melhor, a sua cabeça pendurada em uma fachada de uma das lojas.
A princípio, nem notei, pois sou meio distraído. Mas a minha mulher (a maravilhosa Dona Irene) me cutucou no braço e disse: “Dudu, aquela ali pendurada não é a tal vaca que você deixou com apenas um chifre?” Quase caí pra trás com a surpresa e, confesso, profunda tristeza, pois sempre imaginei que a minha primeira paciente vaca teria tido um destino mais feliz.
Imediatamente liguei para o Almeidinha, que me disse que a vaca de um chifre havia falecido de causas naturais há alguns anos. Ela tinha sido enterrada em uma enorme cova na propriedade. Todavia, após alguns dias, o próprio Almeidinha, cavalgando pela área, constatou que alguém ou alguma coisa havia mexido no jazigo. Ele, segundo suas próprias palavras, quase caiu do cavalo, já que percebeu que o corpo em decomposição estava lá, mas uma parte não: justamente a cabeça.