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Morte de Dolores O’Riordan calou uma das grandes vozes irlandesas

Foto: Giuseppe Cacace/Getty Images

A morte da cantora Dolores O’Riordan, líder da banda irlandesa The Cranberries, cala uma das vozes mais reconhecíveis das últimas décadas, inconfundível em clássicos como “Zombie”, “Dreams” e “Linger”.

A artista morreu nesta segunda-feira de forma súbita em Londres, onde participava de uma sessão de gravação, após superar problemas de saúde que obrigaram a banda a cancelar uma turnê mundial no ano passado.

Dolores, de 46 anos, parecia ter recuperado a força de sua voz, tal como ela mesma explicou em dezembro na página do The Cranberries no Facebook, quando comemorou o primeiro show “em meses”, realizado em Nova York, e comentou que se sentia “genial”.

Nascida na pequena cidade de Ballybricken, Dolores Mary Eileen O’Riordan se destacou muito cedo por sua capacidade como cantora para modular as cordas vocais e alternar graves e agudos, em um estilo tradicional irlandês que ela acoplou com sucesso ao pop/rock/grunge do Cranberries.

Também tecladista e guitarrista, foi casada com o empresário musical Don Burton, vinculado ao grupo britânico Duran Duran, mas os dois se separaram em 2014 após quase 20 anos de casamento, durante o qual tiveram três filhos.

Em sua cidade natal, Dolores conheceu no final da década de 80 os outros três músicos com os quais formaria o Cranberries: Feargal Lawler (bateria), Mike Hogan (baixo) e Noel Hogan (violão).

Após um começo frustrante, a banda cativou a milhões de pessoas nos anos 90, década na qual publicaram seus lendários discos “Everybody Else Is Doing It, So Why Can’t We?” (1993) e “No Need To Argue” (1994).

Na segunda metade dos anos 90, o sucesso foi decaindo até a chegada do quinto álbum, “Wake Up And Smell The Coffee” (2001), e a separação do grupo dois anos depois para os integrantes investirem em suas carreiras solo.

Durante esse período, Dolores lançou dois álbuns, “Are You Listening?” (2007) e “No Baggage” (2009), mas nunca alcançou a fama dos primeiros trabalhos com o Cranberries.

Mais tarde, os quatro se reuniram em 2010 para uma turnê por Estados Unidos e Europa e, dois anos depois, lançaram seu sexto disco de estúdio, “Roses”.

Após aquela turnê, Dolores O’Riordan processou Noel Hogan, guitarrista e co-autor da maioria das músicas da banda.

Em 2016, a cantora foi notícia pelo disco que gravou ao lado do baixista do The Smiths, Andy Rourke, com uma nova banda chamada D.A.R.K. e pela multa de 6 mil euros que teve que pagar por cuspir e dar uma cabeçada em um policial após ser detida por agredir uma aeromoça em um avião.

Após superar as diferenças nos tribunais, o Cranberries voltou a se reunir para uma turnê que começou na Polônia em junho de 2016.

No ano passado, o grupo também lançou o trabalho acústico “Something Else”, no qual revisitaram músicas do início da carreira com a Orquestra de Câmara Irlandesa e incluíram três composições novas.

No início de maio, o grupo foi obrigado a cancelar os shows agendados da turnê devido aos problemas de saúde de Dolores.

Desde então, pouco se soube sobre a cantora, que tinha voltado a um estúdio de gravação, apontou hoje sua agência de publicidade ao comunicar sua morte, sem dar detalhes sobre qual era o projeto em que a artista trabalhava.

Logo, não se sabe se era dos desafios que gostava de enfrentar na vida. “Quando a vida é perfeita, se torna entediante; é preciso se desafiar, pois isso te dá uma razão para viver”, disse Dolores em uma entrevista com a Agência Efe.

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