Para quem gosta de cuidar de carro, ver um motor sujo não é legal, mas sempre pinta aquela dúvida: se eu o lavar será que vou estragar alguma peça? Essa preocupação tem origem nos carros carburados: antigamente, quando lavávamos o motor nos postos de combustíveis, as famosas mangueiras de pressão inseriam a água dentro do distribuidor (peça que fazia a distribuição da corrente elétrica para cada vela do motor) e, depois de lavar, o motor o carro não pegava.
Com a chegada da injeção eletrônica, esses sistemas de distribuição mudaram. Porém, revela Denis Marum, em reportagem especial do G1, as novas tecnologias invadiram o compartimento do motor com módulos eletrônicos e conectores elétricos que também se danificam quando a água tem acesso a seus circuitos eletrônicos.
Você pode estar me perguntando: então, não posso lavar o motor? Pode. O problema não é a água, mas sim a pressão da água. Para que você entenda melhor, lembre-se: existem relógios à prova de água e relógios para mergulho (que aguentam a pressão). O seu carro é semelhante a um relógio, que apenas pode tomar chuva.
Passo a passo – Existem empresas especializadas em lavar motores, mas, se você pretende fazer isso sozinho, o primeiro passo é identificar os pontos vulneráveis. São os módulos e sensores eletrônicos que estão instalados ao lado do motor (veja na foto abaixo). Alguns estão fixados ao painel traseiro do motor (continuação do para-brisa).
Os principais são: módulo da injeção eletrônica, módulo do ABS, modulo de carroceria, alternador, bobina, caixa de relés… todos aqueles componentes onde você identificar a conexão de um chicote elétrico.
Se for usar uma máquina de pressão de água, com o carro DESLIGADO, envolva com um saco plástico todas estas peças, inclusive a bateria, para que o jato de água não atinja diretamente as vedações.
Verifique também se a tampa de reposição de óleo do motor e do reservatório da direção hidráulica estão bem fechadas. Certifique-se de que a varetas medidoras do óleo do motor e do câmbio automático também estejam bem encaixadas.
Não desligue as conexões da bateria: dependendo do modelo de carro, você poderá perder algumas programações dos módulos eletrônicos. Se eles estiverem sujos no final da lavagem, aplique um limpa-contato.
Produtos ácidos – Nunca use solventes, sabão em pó ou desengraxantes a base de petróleo, como querosene, ou ácidos que possam reagir com as borrachas de vedação. Estes produtos também ressecam as mangueiras e correias.
Além disso, desengraxantes muito potentes, quando pressionados com água sobre os rolamentos como os esticadores de correia, acabam retirando a lubrificação interna do rolamento e, algumas semanas depois, você começará a ouvir ruídos agudos gerados pelo desgaste interno.
Você pode utilizar alguns detergentes caseiros ou produtos específicos para este fim encontrados em lojas de autopeças. Aplique sobre o motor e deixe por um tempo, para que eles dissolvam a sujeira. Depois aplique a água, com cuidado. Uma escova de nylon ajudará a remover a sujeira nos cantos mais difíceis.
Seu carro tem mais de 10 anos? – Nos veículos novos e seminovos, os anéis e retentores utilizados para impedir a entrada de água e poeira costumam estar em bom estado e a probabilidade de dar problema é pequena. Já nos carros com mais de 10 anos estes mesmos anéis e vedadores estão ressecados devido à caloria recebida do motor durante todo esse tempo, e um jato de água mais forte poderá danificá-los permanentemente.
Uma forma inteligente e sustentável de lavar seu motor sem produtos químicos é utilizar máquinas de pressão de vapor. A água quente desengordura e tira as manchas nos cantos onde nem a escova tem acesso. Também nesse tipo de lavagem valem todos os cuidados que mencionei acima. O grande diferencial da máquina de pressão a vapor é o baixo consumo de água. Afinal, o comprometimento com o consumo racional de água é um dever de todos nós.