Beka Andrade, Edição
O processo de adoecimento e a necessidade de uma internação hospitalar podem causar grandes prejuízos à capacidade funcional do paciente. Tudo isto pode ser ainda mais complicado caso ele precise passar por uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
A última condição certamente impacta na qualidade de vida destas pessoas, e reduzir esse choque, é o objetivo de um grupo de fisioterapeutas do Hospital Santa Luzia, em Brasília.
Os especialistas elaboraram um estudo com parceiros estrangeiros para colocar em prática a ideia de inserir a assistência sistematizada de fisioterapia na recuperação dos pacientes nos mais variados graus de criticidade.
Desde 2012, esse estudo multicêntrico está sendo implantado no hospital e os resultados são mais do que satisfatórios.
“Geralmente quem passa pela UTI sai com sequelas motoras, não conseguem andar direito, ou desenvolvem dificuldades para realizar atividades simples como pentear os cabelos e até alimentar-se. Com esse método conseguimos aperfeiçoar o tratamento e a reabilitação para que o paciente deixe a internação com maior independência funcional, ou seja, mais preparado para ser reinserido na sociedade com a maior qualidade de vida possível”, explica o fisioterapeuta do Hospital Santa Luzia, José Aires, coautor do estudo.
De acordo com ele, é completamente ultrapassada a cultura de que pessoas adoentadas necessitam de repouso absoluto. José Aires acrescenta que o certo é fazer exatamente o contrário: acordá-las e colocá-las para se movimentar.
“Ele deve sair da posição deitada e ser estimulado a se sentar, levantar-se e ficar em pé o mais breve possível. Caminhar pelos corredores do hospital, buscar alguma janela mais próxima, conectar-se com o ambiente externo, respirar um ar livre e de certa forma tentar esquecer-se do ambiente hospitalar por breves momentos. Isso faz toda a diferença”, destaca.
José Aires afirma que de 80 a 85% dos que passaram pela UTI, ao receber a alta saem caminhando de maneira independente, reduzindo a necessidade de uma nova internação, especialmente nos pacientes mais idosos. “Observamos que os pacientes saem com uma nova perspectiva de vida. Isso gera um impacto físico, mental e cognitivo, pois o indivíduo melhora a forma de enfrentamento da doença. Isso é muito importante e auxilia demais no tratamento como um todo”, finaliza.