O Ministério Público peruano ordenou o início de uma investigação contra ex-militares superiores das Forças Armadas pelos supostos crimes de sedição, rebelião e conspiração após estes emitirem um “comunicado” no qual falavam de uma suposta “fraude” eleitoral.
Por meio de nota divulgada neste sábado (26/06), o Ministério Público informou o prazo para conclusão das diligências é de até 30 dias.
A carta assinada pelos ex-oficiais – alguns deles, inclusive já mortos – era dirigida aos comandantes das Forças Armadas.
Nela, sugere-se atuar contra a Constituição afirmando que o atual governo teria agido em favor a determinado candidato (no caso, Pedro Castillo, vencedor do pleito) e, portanto, o documento propõe não respeitar os resultados do processo eleitoral em andamento.
Da mesma forma, acusaram uma suposta conspiração do Escritório Nacional de Processos Eleitorais (ONPE) e do Júri Eleitoral Nacional (JNE) para ignorar as denúncias de irregularidades promovidas pela Força Popular, partido que insiste em não reconhecer os resultados.
Com 100% das atas contabilizadas pelo Órgão Nacional de Processos Eleitorais (ONPE) e uma apuração que levou quase duas semanas, o candidato do Peru Livre obteve 50,125% dos votos válidos, contra 49,875% de Keiko Fujimori, do Força Popular, vencendo o segundo turno das eleições presidenciais do país. O resultado ainda não foi proclamado por causa dos recursos que Keiko impetrou para tentar virar a eleição.
Ao saber da carta assinada por pelo menos 23 generais do Exército aposentados, 22 vice-almirantes da Marinha e 18 tenentes-generais aposentados da Força Aérea, o presidente interino, Francisco Sagasti, pediu ao Ministério Público que investigasse o caso.
Para ele, a carta “é uma ação inaceitável por parte dos cidadãos e das Forças Armadas da Nação”.
Entre os vivos que assinaram a carta, estão quatro generais de divisões do Exército aposentados, 17 vice-almirantes aposentados e 27 tenentes-generais aposentados. Vários deles, segundo informou o jornal peruano La República, serviram durante o regime de Alberto Fujimori e estiveram envolvidos em casos notórios, como a Caixa de Pensão Militar da Polícia e a compra de equipamentos de guerra.