Izalci Lucas (PSDB), o deputado federal por Brasília que tenta voar para o Senado da República, pode nadar e morrer na praia. Ele foi denunciado, junto com sua colega de coligação Amábile Pacios, de suposto crime eleitoral.
Os dois são parte da aliança do DEM, que tem em Alberto Fraga seu candidato ao Palácio do Buriti. Segundo denúncia investigada pelo Ministério Público, Izalci é ‘dono de um laranjal’ em busca de recursos para sua campanha. A laranja seria Amábile.
No processo, em que os dois são investigados à revelia – embora citados, preferiram se esconder, numa suposta tentativa de ganhar tempo -, a situação dos dois candidatos é apresentada como sui generis. O dinheiro de um vai para outro. E três milhões de reais viram, num toque de mágica, seis milhões de reais.
Amábile, diz a denúncia, não se desincompatibilizou do cargo que ocupa na Federação das Escolas Particulares. Já Izalci, usaria dos recursos da campanha dela, uma vez que tem uma cunhada e um filho como administradores do dinheiro.
Se fosse caso policial, os dois seriam considerados foragidos da Justiça. Eles foram citados no dia 27 de setembro, mas simplesmente ‘cagaram e andaram’ para o Ministério Público, conforme expressão usada na boca do povo. E como a Justiça Eleitoral é diferente da Justiça Criminal, os dois vão ‘empurrando com a barriga’ para ver no que vai dar. Em outras palavras: simplesmente ignoraram a ação, e fogem da sua responsabilidade perante a lei.
Advogados que analisaram o caso sustentam que Amabile é ‘laranja’ de Izalci. Na denúncia, consta que o dinheiro depositado na conta de Amabile está sendo aplicado na campanha de Izalci. Os dois, embora da mesma aliança partidária, são de partidos diferentes. Mas têm em comum por trás deles – além de Alberto Fraga -, o lucrativo mundo das escolas particulares.
Pela legislação eleitoral, Izalci Lucas poderia gastar até 3 milhões de reais em sua campanha. Porém, com a suposta manipulação do dinheiro, segundo denúncia apresentada à Justiça Eleitoral, o candidato ao Senado pelo PSDB está lançando mão de 6 milhões de reais, confrontando diretamente a legislação.
Em uma outra ação – consequência desse festival de ‘laranjas’ -, é pedida a impugnação das candidaturas de Izalci e Amabile. Também nesse caso, os dois tinham até a quarta-feira, 3, para se manifestarem no processo. Porém, como pseudos deuses do Olimpo, não deram a mínima importância às citações.
Das duas, uma: ou já se consideram eleitos – o que é pouco provável -, esperando uma suposta diplomação eleitoral e, empossados, levar tudo para um foro especial, ou, em última hipótese, no entendimento de Izalci e Amábile, o Ministério Público só serve para ‘encher o saco’.