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Mulher, mesmo 1ª dama, não utiliza ‘fuck you’ nem contra misóginos

28/06/2023 - Brasília - A primeira dama do Brasil, Janja Lula da Silva, durante entrevista exclusiva a EBC, no Palácio da Alvorada. Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Pesquisar é descobrir. Pesquisei e descobri que, negativa, mas operante, a comunidade do ódio é composta no Brasil e no mundo por grupos variados, com destaque para o dos preconceituosos e o dos supremacistas brancos. O que eu não sabia é que os camaradas que não honram as calças são prioritária e fundamentalmente misóginos, isto é, têm horror às mulheres, principalmente àquelas que pensam. Ao que parece, a ordem interna não é apenas desgostar delas, mas tratá-las com violência. Está explicado o crescimento do quantitativo de feminicídios no país e o volume de agressões daquele senhor autodenominado mito a uma série de donzelas. Ele e seus seguidores esquecem que “Deus mudou o curso da história exclusivamente por causa da mulher”.

Tudo bem que algumas fogem do script, falam o que não devem e comprometem deliberadamente um governo. São somente algo de uma. Poderia repetir para ela o célebre “Por qué no te callas”, mas cabe ao auspicioso marido silenciá-la para sempre. O que sei é que, militantes ou não, bonitas ou feias, ricas ou pobres, mulheres são mulheres e merecem flores e não tapas, gritos ou facadas. Poeticamente, a mulher é a melhor notícia que Deus deu ao homem. Diante de tal afirmação, que não é minha, mas de estudiosos dos extremismos da direita, o que posso dizer é que, bem cuidadas e com um mínimo de carinho, qualquer representante do sexo feminino é capaz de um tête-à-tête pra lá de bombástico.

Os que preferem atentar contra a democracia e, no auge da maluquice, contra a própria vida, não sabem o que dizem, muito menos o que estão perdendo. Um rala e rala com pitadas de afeto e doses cavalares de cafuné é muito melhor do que se explodir em frente ao prédio do Supremo Tribunal Federal. O nheco nheco, também conhecido como funhanhada, vale mais do que se reunir às escondidas ou em frente aos quartéis para gritar palavras de ordem contra quem quer que seja. Sem margem de erro para baixo ou para riba, diria que é muito mais gostoso do que passar meses buscando, em vão, formas de derrubar um presidente eleito ou de matar um magistrado cujo crime foi ajudar a condenar estagiários de terroristas.

Especialistas em Direito não avaliam o ato de Francisco Wanderley Luiz, o Tiu França ou Chico Bombinha, como terrorismo. Alegam que o termo é incorreto por falta de uma motivação que esteja de acordo com a lei. Que me perdoem suas excelências, mas quem sairia de sua casa à noite, munido de um arsenal de bombas, apenas para um encontro fortuito com uma estátua cega? Seria um convescote particular? Claro que não! Para quem gosta, há milhões de coisas muito mais interessantes para se fazer em uma noite fria e chuvosa do que se explodir sozinho na Praça dos Três Poderes.

Ainda sobre a falta de motivos, no caso em questão a motivação foi absolutamente explícita. Perdeu tempo, dinheiro e a vida tentando matar Alexandre de Moraes, que naquele momento certamente estava nos braços de Morfeu ou ao lado da esposa se preparando para um sono tranquilo e reconfortante. Enfim, condenado por violência doméstica, para nosotros é óbvio que, mais do que matar ou morrer, a proposta do homem-bomba era ficar famoso. Ficou, mas de um jeito que ele provavelmente jamais imaginou. Partiu, sozinho, para o mundo dos pés juntos em estilo ideologicamente explosivo. Parafraseando o também explosivo, mas imortal Gilberto Gil, que Nossa Senhora do Perpétuo o socorrei onde estiver.

Apesar da dor e do fracasso da empreitada, pelo menos para os que têm aversão a mulher Chico Bombinha também virou mito. Nada parecido com aqueles que se transformaram em elementos lendários e inesquecíveis. Quem nunca se recolheu mais cedo com medo das histórias do saci-pererê, curupira, mula sem cabeça, caipora, boitatá, lobisomem e da Maria Caninana? Na quarta-feira, dia 13, os brasileiros, particularmente os brasilienses, fugiram de um monstro híbrido e incoerente, na verdade uma quimera, que, lembrando o Boi-bumbá, queria comer a língua de Xandão, mas acabou se transformando tristemente no insípido e insosso e cômico Boi-bombinha. As mulheres são naturalmente educadas. As que não são, a essa altura já teriam dito: Fuck you, terroristas de meia tigela.

*Wenceslau Araújo é Editor-Chefe de Notibras

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