As taxas de fecundidade no Distrito Federal (DF) e Entorno estão caindo ao longo dos anos e as mulheres decidem ter filhos cada vez mais tarde. Os dados estão em um estudo divulgado nesta quinta 13 pela Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan), que traçou um perfil da fecundidade na região.
O levantamento constatou que a taxa de fecundidade passou de 2,22 filhos por mulher no Distrito Federal e 2,65 no Entorno em 2000 para, respectivamente, 1,73 e 1,84 filho por mulher. A média de idade em que as mulheres têm filhos aumentou no período, passando de 25 anos no DF e 24 no Entorno em 2000 para 27 e 25 anos em 2010.
O relatório informa que o DF segue um padrão de redução das taxas de fecundidade visto em todo o Brasil e credita os números à inserção das mulheres no mercado de trabalho e ao “custo social que acarretou em opção por um número menor de filhos”.
Segundo o presidente da Codeplan, Júlio Miragaya, o estudo não avaliou o impacto que as mudanças representam na sociedade e como o governos deve se preparar. “Esse estudo não avalia isso, mas apresenta números que mostram uma mudança enorme. Isso tem impacto no sistema de saúde, já que receber uma mulher grávida com 19 anos é diferente de uma com 35, no mercado de trabalho e em todos os setores da sociedade”.
Miragaya acrescenta que o aumento da escolaridade e a entrada das mulheres no mercado de trabalho são determinantes para o adiamento da gravidez e a redução do número de filhos. “Além de diminuir o período de tempo em que ela pode ter filhos ao adiar a gravidez para estudar, conseguir um emprego e se posicionar, o mercado de trabalho ainda é muito cruel com as mulheres grávidas, quando não aceita o tempo afastado para a licença maternidade, o cuidado com a criança, a questão da amamentação”.
A coordenadora no núcleo de estudos populacionais da Codeplan, Mônica França, disse que a taxa de fecundidade vem caindo gradualmente no Brasil e que, no futuro, isso pode trazer problemas econômicos para o país. “Uma fecundidade com esse nível não consegue substituir gerações futuras, impactando a economia do país, por conta da redução [da oferta de mão de obra] para o mercado de trabalho e um aumento da população idosa, que é o problema da previdência”.
Já a coordenadora da pesquisa, Ana Boccucci, acredita que ainda é cedo para adotar políticas públicas para que a taxa de fecundidade não continue caindo. “Mas os governos e as universidades, precisam fazer estudos e ficar atentos para não deixar que o Brasil fique como a Europa, onde a população idosa está suplantando a de jovens”.