Esplanada
Mulheres marcham em defesa da descriminalização do aborto
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emUm grupo de mulheres realizou nesta sexta-feira (3) uma marcha em direção ao Supremo Tribunal Federal (STF) em defesa da descriminalização do aborto. Durante todo o dia, a Corte realizou audiência pública para ouvir especialistas de saúde, direitos humanos, pesquisadores e cientistas e religiosos sobre a possibilidade de a interrupção da gravidez até a 12ª semana não ser considerada crime.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP/DF), o ato reuniu 300 mulheres, que soltaram balões verdes – simbolizando esperança – e roxo em referência ao feminismo e seguiram entoando frases como “nem recatada e nem do lar, a mulherada está na rua é para lutar” para defender a possibilidade.
Atualmente, a legislação brasileira permite o aborto em casos de estupro, risco de morte para a mãe ou fetos anencéfalos. Desde março do ano passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) analisa uma ação que amplia este direito.
Com a hastag #NemPresaNemMorta ativistas, artistas e figuras públicas têm mobilizado as redes sociais. Para a youtuber Nátaly Neri, o ato pela descriminalização reflete a realidade do que já ocorre no país. “Não é sobre não defender vida, não é sobre ‘assassinatos’, não é sobre religião. É sobre uma realidade que já existe no Brasil em que mulheres que já abortam são presas ou morrem [principalmente mulheres negras], quando expostas às condições insalubres dos abortos clandestinos de baixo custo. Falar sobre descriminalização do aborto não é fazer apologia. É dar a mulher o direito sobre seu corpo que nunca poderia ter sido tomado em primeiro lugar”, afirmou.
Um grupo de ativistas fez uma performance como as personagens do livro e da série “O conto da aia” em frente ao STF. Escrito em 1985, o romance da canadense Margaret Atwood, inspirou a série homônima (The Handmaid’s Tale, no original) produzida pelo Hulu, canal de TV pela internet. A história é ambientada em um país teocrático e totalitário em que as mulheres são vítimas de opressão, tornando-se propriedade do governo e o fundamentalismo força política.