O secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou nesta quinta-feira que está “muito preocupado” com o recente anúncio sobre a expulsão de diplomatas russos dos Estados Unidos e afirmou que está sendo criada uma situação similar à da Guerra Fria.
Os Estados Unidos anunciaram na segunda-feira a expulsão de 60 diplomatas russos em resposta à tentativa de assassinato em Londres do ex-espião russo Sergei Skripal e, entre eles, 12 cumpriam funções na missão do país do leste europeu nas Nações Unidas.
O Kremlin, por sua vez, anunciou hoje a expulsão de 60 diplomatas americanos como represália e decidiu pelo fechamento do consulado geral americano na segunda maior cidade do país, São Petersburgo. Os diplomatas americanos foram declarados persona non grata e terão até 5 de abril para deixar a Rússia, segundo o ministério de Relações Exteriores do país.
Em breves declarações aos jornalistas nas quais falou sobre vários temas, Guterres afirmou que estava “realmente muito preocupado” pelo anúncio da expulsão dos diplomatas russos credenciados na ONU.
Também afirmou que, “em grande medida”, o mundo está vivendo uma situação similar à da Guerra Fria, mas com algumas diferenças.
Uma delas, acrescentou o secretário-geral, é que naquela época havia duas grandes potências, em alusão a Estados Unidos e União Soviética, que controlavam duas áreas no mundo todo.
Agora, por outro lado, “há muitos outros atores que são relativamente independentes, com papéis importantes em muitos dos conflitos” que o mundo está vivendo, acrescentou Guterres.
O ex-premiê de Portugal também afirmou que durante a Guerra Fria havia “mecanismos de comunicação e controle” para evitar uma escalada de tensões e para oferecer garantias de que “as coisas não ficassem fora de controle quando as tensões cresciam”.
“Esses mecanismos foram desmantelados, porque as pessoas pensaram que a Guerra Fria tinha acabado e não havia mais razão para este tipo de precaução”, acrescentou Guterres.
O secretário-geral da ONU disse que as precauções deveriam ser resgatadas para que haja uma “comunicação efetiva” entre as principais potências mundiais, com o objetivo de prevenir uma escalada nas tensões.
Guterres, que assumiu o posto de secretária-geral da ONU em janeiro de 2017, alertou previamente sobre os riscos de estarmos chegando a uma situação parecida com a da Guerra Fria, entre outras razões pelas ameaças do programa nuclear norte-coreano.
Em sua mais recente mensagem de fim de ano, o ex-primeiro-ministro português falou sobre a “ansiedade” que existe em torno das armas nucleares que, segundo ele, “está no nível mais alto desde a Guerra Fria”.